Mais de mil pessoas em Goiás tomaram vacinas com doses trocadas
24 abril 2021 às 09h03
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No Brasil inteiro, as intercorrências ultrapassam 16,5 mil. Só Acre e Rio Grande do Norte não registraram problemas desse tipo
Goiás registrou 1.090 casos de pessoas que tomaram a primeira dose da vacina Coronavac e a segunda da Oxford/AstraZeneca ou vice-versa, de acordo com dados do Ministério da Saúde (MS). Ao todo, no País, foram 16.526 mil ocorrências, conforme revela compilação de dados feita por meio do Datasus, sistema de informações do MS, pela reportagem da Folha de S.Paulo.
Em nota a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) disse que “os casos de intercambialidade (troca) de vacinas registrados em Goiás estão sendo avaliados por uma equipe técnica”. Segundo o órgão, “em algumas situações, já foi apurado pela Gerência de Imunização estadual que houve, na verdade, erro no registro do imunizante e não na administração da dose”. O sistema de notificação do Ministério da Saúde ainda não permite a correção das informações, informou a secretaria.
Visando aperfeiçoar o processo de imunização, o Estado, em parceria com os municípios, está realizando “capacitações frequentes das equipes de vacinação”. “Em situações adversas, as cidades são orientadas a notificarem os casos de imediato para acompanhamento técnico”, conclui a nota.
Dados do Brasil
Na ampla maioria dos casos (14.791), as pessoas receberam primeiro o imunizante da Oxford/AstraZeneca e, depois, a segunda dose da Coronavac. Nos casos restantes (1.735 pessoas), houve o contrário – primeiro a Coronavac, depois a AstraZeneca, segundo o sistema. A troca aconteceu em praticamente todo o país, com exceção do Acre e do Rio Grande do Norte.
No Brasil, essas são as duas únicas vacinas disponíveis contra o coronavírus. O protocolo nacional estabelece que os vacinados de grupos prioritários devem receber o imunizante disponível no posto no dia da vacinação (sem possibilidade de escolha). Na segunda dose, o fabricante precisa ser mantido.
As informações levam em conta todos os vacinados no País no primeiro mês da campanha vacinal (de 17 de janeiro a 17 de fevereiro) que retornaram para a segunda dose até 8 de abril, num universo de aproximadamente 4 milhões de pessoas.
No total, 16.526 pessoas foram afetadas. Os dados mostram ainda que 7 em cada 10 trocas de fabricantes na vacina contra covid-19 ocorreram em profissionais de saúde. Esse rastreamento é possível porque cada pessoa vacinada é registrada no Datasus com um código de identificação, no qual há informações sobre cada dose recebida, incluindo fabricante e número do lote.
Tomar vacina de dois fabricantes diferentes é um erro de imunização. “Quem tomou uma dose de um fabricante e outra dose de outro não tomou nenhuma dose completa da vacina”, afirmou, ao Valor Econômico, a imunologista Cristina Bonorino, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e membro dos comitês científico e clínico da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI).