Mais de mil agentes cumprem diligências em Goiás e outros seis estados para desarticular esquema de propina entre empresas do agronegócio e fiscais federais

Executivos do Frigorífico JBS e da BRF Brasil são alvos de operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta sexta-feira (17/3) que visa desarticular organização criminosa  liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio.

O jornal O Globo confirma que foram expedidos pedidos de prisão preventiva contra ao menos três executivos do Grupo JBS e Grupo BRF. São eles o vice-presidente da BRF, José Roberto Pernomian Rodrigues, o gerente de Relações Institucionais do Grupo BRF, Roney Nogueira dos Santos e Flávio Cassou, executivo do grupo JBS.

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Também foram determinadas buscas na sede da JBS e bloqueio de até R$ 1 bilhão das contas de 46 investigados, nesta que é considerada a maior operação da história da Polícia Federal.

Ao todo foram expedidos 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao grupo criminoso. As ordens judiciais foram expedidas pela 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba/PR e estão sendo cumpridas em 7 estados: São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.

A PF apurou em quase dois anos de investigação, que as Superintendências Regionais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam diretamente para “proteger grupos empresariais, em detrimento do interesse público”.

Segundo apurado, mediante pagamento de propina, os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva.

Dentre as ilegalidades praticadas no âmbito do setor público, denota-se a remoção de agentes públicos, com desvio de finalidade para atender interesses dos grupos empresariais. “Tal conduta permitia a continuidade delitiva de frigoríficos e empresas do ramo alimentício que operavam em total desrespeito à legislação vigente”. diz a PF em nota.

O nome da operação faz alusão à conhecida expressão popular em sintonia com a própria qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor por grandes grupos corporativos do ramo alimentício. Conforme a PF, a expressão popular demonstra uma fragilidade moral de agentes públicos federais que deveriam zelar e fiscalizar a qualidade dos alimentos fornecidos a sociedade.