E-mails divulgados pela Folha indicam que senador teria sido destinatário de valores da Cozinhas Itatiaia. Parlamentar negou e se disse visado por fazer oposição a Dilma

| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Magno não negou ter usado o avião da empresa, mas disse que o fez para fazer palestras sobre temas como maioridade penal e legalização da maconha | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A Folha de São Paulo divulgou, neste domingo (14/8), trechos de e-mails trocados entre diretores, assessores e funcionários da Cozinhas Itatiaia, fabricante de móveis brasileira, que sugerem pagamento de valores não declarados ao senador Magno Malta (PR-ES). As conversas envolvem o presidente da empresa, Victor Costa, seu filho e então gerente financeiro, Daniel Costa, e Hugo Gabrich, que era assessor da Itatiaia.

Segundo algumas das mensagens, ele teria recebido R$ 100 mil não declarados, além de ter usado o avião da empresa em pelo menos duas ocasiões, em 2012 e 2013. O dinheiro teria sido desviado de uma nota fiscal de serviço prestado pela empresa Vix Consulting. Por e-mail, Victor Costa diz ao seu filho que, apesar de o valor total ser de R$ 575 mil, ele deve depositar apenas R$ 475 mil, porque o restante cobriria uma retirada em dinheiro cujo destinatário seria Malta.

Depois de seu filho questioná-lo se a empresa declarou a doação, Victor responde que não e que não existe nota fiscal indicando o pagamento dos R$ 100 mil. Em seguida, ele inclusive pede a Daniel que ele apague todas as mensagens que tratam do assunto.

Em outras mensagens, entre Gabrich e Malta, o senador diz que não tem conhecimento destes valores, mas o ex-assessor da Itatiaia encaminha os e-mails que o envolvem e recebe como resposta: “Somos amigo Hugo… Sempre fomos” [sic].

Os e-mails sugerem ainda que a diretoria da empresa teria tentado se afastar de Malta depois que ele causou problemas ao utilizar o avião particular da Itatiaia. O ex-diretor da firma, Beto Rigoni, reclama que Magno voou com mais pessoas que o permitido e que fez uma verdadeira festa durante o trajeto, ao que Victor Costa responde que eles precisam “cortá-lo”, porque os acionistas não queriam muita proximidade.

Procurado para responder sobre o caso, Magno admitiu ter voado no avião da empresa, mas afirmou que só o fez para fazer palestras sobre “o combate à pedofilia, a redução da maioridade penal e a luta contra a legalização do uso da maconha”. Já sobre os R$ 100 mil, o senador nega e afirma ainda que as denúncias são fruto da sua exposição enquanto oposição à presidente afastada Dilma Rousseff (PT).