A delação do italiano Vicenzo Pasquino, apontado por autoridades como articulador da máfia ‘Ndrangheta no Brasil, pode esclarecer como facções criminosas brasileiras enviam grandes quantidades de cocaína para a Europa. Vicenzo Pasquino, preso na Paraíba em 2021 por desdobramento da Operação Eureka, firmou acordo com a Justiça italiana e se comprometeu a revelar identidades de criminosos brasileiros, bem como detalhes de sua atuação. 

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, participou ativamente do grupo de procuradores italianos e brasileiros que investigam as relações entre Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV) e a máfia italiana ‘Ndrangheta. O trabalho conjunto, proposto pelo procurador nacional antimáfia italiano, Giovanni Melillo, levou ao desdobramento da Operação Eureka no Brasil. 

A Operação Eureka envolveu polícias da Itália, França, Bélgica, Alemanha, Eslovênia e Espanha, contra um esquema que teria movimentado mais de R$ 36 bilhões. O mafioso Vicenzo Pasquino veio para o Brasil em 2017 para trabalhar com o envio de drogas para a Itália. Em São Paulo, exerceu a liderança da chamada “Sintonia do Tomate” — setor do PCC responsável por relações com organizações criminosas estrangeiras.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) estima que o PCC lucre mais de R$ 10 bilhões com a cocaína exportada pelo Porto de Santos. O Gaeco já mapeou a presença de integrantes do PCC em pelo menos 23 países e em cinco continentes.