Mãe de paciente internada em UPA de Goiânia lava o banheiro e denuncia insalubridade e falta de material; vídeo
28 julho 2025 às 13h10

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A mãe de uma paciente, que está internada há 10 dias na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Novo Mundo, em Goiânia, levou produtos de limpeza de casa e lavou o banheiro do quarto onde estavam. A paciente denuncia que o banheiro estava sujo, com lodo e mau cheiro, e a unidade de saúde não oferece os insumos necessários para que as funcionárias realizem uma limpeza adequada.
“Quem lavou foi minha mãe e lavou porque eu poderia muito bem escorregar na nojeira desse banheiro e cair. […] Fica aqui 10 dias usando ‘banheiro de rodoviária’ para ver se você aguenta. O banheiro está um risco, cheio de lodo, fede podre”, desabafou a paciente nas redes sociais.
Este banheiro é utilizado pelos pacientes e os acompanhantes, que se preocupam com a contaminação e dissipação de doenças no local por falta de limpeza adequada. A paciente continua dizendo que a unidade de saúde só trocou uma única vez o lençol da cama em que está há 10 dias esperando por uma cirurgia e que trouxe a coberta de casa.
Ainda pelas redes sociais, ela disse que: “não tem material de limpeza para a equipe de limpeza. Elas só têm rodo e água, não tem uma bucha, uma quiboa, um detergente ou sabão em pó. Elas se viram com o que tem”. Além disso, informou que a unidade de saúde não ofereceu papel higiênico, álcool nos suporte ou sabão para limpar as mãos.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que “a higienização das unidades de saúde e o fornecimento de materiais de limpeza são de responsabilidade da empresa Loc Service, contratada na gestão anterior”. Ainda disse que abriu um processo para que esta seja responsabilizada pela má prestação dos serviços, o que pode acarretar a rescisão contratual – confira abaixo a nota na íntegra.
Há cinco meses, o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, visitou essa unidade para promover melhorias. Já nesta época, comentários nas redes sociais alertavam para a falta de insumos no local. “Você sabe que nem produtos para lavar as roupas sujas a lavanderia daí não tem?”, escreveu uma seguidora.
Já o Conselho Municipal de Saúde informou que tem feito as visitas de fiscalização e tomado providências.
Nota da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia
“A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informa que a higienização das unidades de saúde e o fornecimento de materiais de limpeza são de responsabilidade da empresa Loc Service, contratada na gestão anterior. A SMS convocou os gestores da empresa para esclarecimentos, notificou a corporação e abriu processo para responsabilização da empresa pela má prestação dos serviços de higienização das unidades e por falhas na entrega de itens de limpeza. O processo pode acarretar a rescisão contratual e proibir a empresa de efetuar novas contratações com o poder público.”
Nota do SindSaúde
O Sindsaúde recebe com preocupação a denúncia de falta de condições de higiene e de materiais de limpeza na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jardim Novo Mundo. Essa situação revela certa inércia da prefeitura, pois é um cenário que se repete e sobre o qual o Sindsaúde vem cobrando ações da prefeitura desde o início do mandato do prefeito Sandro Mabel.
Há quatro meses atrás, denunciamos a mesma situação na UPA Jardim América. Nesse período houve atraso de pagamento da prefeitura à empresa responsável pela higienização das unidades de saúde, por isso familiares de pacientes que estavam nessa UPA compravam produtos e ajudavam na limpeza da unidade.
O problema, no entanto, é antigo e persiste desde a gestão Rogério Cruz. O que nos causa estranhamento é que a prefeitura, que alega estar sob nova direção, deixa esses problemas se perpetuarem após oito meses desde o início da nova gestão.
Passado todo esse tempo, percebe-se ainda que a morosidade na nomeação dos novos gestores para as unidades de saúde agrava essa situação, pois implica em atraso no planejamento de questões estratégicas, e também nas compras de insumos, materiais e medicamentos.
Outra preocupação é em relação a falta de pessoal. Mesmo com alta demanda, sobrecarga de trabalhadores e trabalhadoras e adoecimento mental nas unidades de saúde, a prefeitura ignora o concurso público ainda vigente (Edital n° 01/2020) com aprovados na área da saúde ainda aguardando para serem nomeados.
A administração municipal opta por prolongar os efeitos de uma calamidade, sem transparência de gastos, mesmo com estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrando que há viabilidade para novos investimentos.
Diante dessa situação, o Sindsaúde segue vistoriando as condições de trabalho nas unidades de saúde e recebendo denúncias de forma anônima por formulário disponível no site Sindsaúde.com.br e pelas nossas redes sociais. Também nos mobilizamos por meio de petições, manifestações e provocações ao Ministério Público Estadual (MPGO) em favor dos concursados e ao Tribunal de Contas dos Município (TCMGO) contra decretar uma calamidade que não é comprovada.
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