O réu está afastado da PM desde 2011 e, de acordo com ele, até o fim do processo judicial continuará longe de suas atribuições

Último a ser ouvido durante a segunda rodada de interrogatórios da instrução criminal da Operação Monte Carlo, o coronel da Polícia Militar Massatoshi Sérgio Katayama negou qualquer envolvimento com a associação criminosa comandada pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Conforme denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o réu repassava informações sigilosas e relevantes sobre operações da PM para a cúpula do grupo. “Lutarei até o final para provar minha inocência”, disse emocionado ao final de seu interrogatório.

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O réu permanece afastado da corporação desde 2011 e, de acordo com ele, até o fim do processo judicial, continuará longe de suas atribuições. Questionado pela defesa sobre suas aspirações em se tornar comandante-geral da PM, Katayama disse emocionado que são verdadeiras, mas que, após o processo judicial, sabe que não será possível.

O acusado assumiu que mantinha contato com Cachoeira, mas alegou que o número de ligações presente na acusação não é real. “Eu o conheço há muito tempo, mas não tínhamos muito contato, e nem éramos amigos como é apontado.” Segundo ele, entre os anos de 2010 e 2011, recebeu no máximo 10 ligações do contraventor, que o procurava em busca de informações administrativas e também sobre criminosos específicos. “Nunca recebi propina. Todas as operações que tínhamos que fazer nós fizemos. Não existia nenhum segredo ou informação a ser passada para o senhor Carlos”, frisou.

Em rápida entrevista ao Jornal Opção Online, ele questionou as interceptações telefônicas presentes na denúncia do MPF. De acordo com o coronel, as provas apresentadas pelo órgão ministerial foram colhidas de uma maneira equivocada. “Essas ligações não foram transcritas da forma como deveriam ser, em sua integralidade”, defendeu.

Katayama afirmou que em momento algum o chefe do esquema sugeriu pagamento de propina para obter informações privilegiadas. Ele também lembrou que sempre manteve contato com pessoas de diversos setores sociais, como empresários e servidores públicos, que o procuravam em busca de informações diversas.

Em juízo, o militar prestou conta de suas transações financeiras no ano de 2009, quando vendeu várias propriedades que estavam em seu nome, o que justificaria os sete depósitos citados na acusação do MPF.

Por fim, o juiz federal substituto Francisco Vieira Neto questionou ao coronel acerca da acusação de que ele teria deixado de autuar uma viatura da PM dirigida por um funcionário da empresa Delta, responsável pela gerência dos veículos da corporação. Entretanto, Katayama afirmou que este não seria motivo para apreensão. “Em si, não constituiria crime. Eu determinei que fosse apreendido e liberado após identificação”, concluiu.

Sobre as visitas que fazia com frequência à construtora, o réu alegou que era comum participar de reuniões nas empresas que prestavam serviço à PM, como era o caso da Delta.