Lula e Petro sugerem novas eleições ou governo de coalizão na Venezuela
15 agosto 2024 às 16h57
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O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o colombiano Gustavo Petro propuseram nesta quinta-feira, 15, possíveis soluções para a crise na Venezuela: a realização de “novas eleições livres” ou a formação de um governo de coalizão entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição. As sugestões surgiram após ambos os líderes, que são importantes mediadores internacionais na situação venezuelana, discutirem o tema em uma conversa telefônica.
“Levantamento de todas as sanções contra a Venezuela. Anistia geral nacional e internacional. Garantias totais para a ação política. Governo transitório de coabitação. Novas eleições livres”, listou Petro em uma publicação no X.
Lula também defendeu a realização de novas eleições com observadores internacionais, destacando a necessidade de uma coalizão entre chavistas e opositores.
“Maduro tem seis meses do (atual) mandato ainda. Se tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário em que participe todo mundo e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro”, afirmou Lula em entrevista a uma rádio. “Um governo de coalizão com a oposição pode ser saída”, completou.
Petro, por sua vez, citou a Frente Nacional colombiana como exemplo, um pacto que pôs fim ao regime do general Gustavo Rojas Pinilla, garantindo alternância na presidência e distribuição equitativa de poder entre as forças políticas.
“Uma solução política para a Venezuela que traga paz e prosperidade ao seu povo depende de Nicolás Maduro. A experiência da Frente Nacional Colombiana é uma experiência que, se usada temporariamente, pode ajudar a trazer uma solução definitiva”, escreveu Petro.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apoiou publicamente a proposta de novas eleições na Venezuela, contrastando com a posição do secretário de Estado americano, Antony Blinken, que havia reconhecido a vitória do candidato opositor Edmundo González Urrutia. Este reconhecimento foi baseado em um estudo contestado, que apontou a vitória de González com 67% dos votos, enquanto o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, controlado pelo chavismo, afirmou que Maduro venceu com 51%.
“Dadas as evidências esmagadoras, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano que Edmundo González Urrutia obteve a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela em 28 de julho”, disse Blinken em um comunicado.
Por outro lado, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, criticou a postura dos Estados Unidos e evitou apoiar diretamente a proposta de novas eleições na Venezuela.
“Quem é esse homem para dizer quem ganhou e quem perdeu?”, disse o mexicano, referindo-se às declarações feitas por Blinken. “Vamos ver o que o tribunal decide (…), não acho prudente que nós, um governo estrangeiro, seja ele quem for, demos nossa opinião sobre algo que deve ser resolvido pelos venezuelanos”.
López Obrador, que inicialmente participava das negociações, começou a demonstrar hesitação em meio à transição de governo para a presidente eleita, Claudia Sheinbaum, que assume em 1º de outubro e declarou que a crise venezuelana “não se aplica” ao México.
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