Ciro Nogueira (PP-PI), Ricardo Barros (PP-PR) e Renan Calheiros (MDB-AL) também são nomes mencionados nas listas de autoridades investigadas, segundo revelou a revista Veja

Documentos sigilosos obtidos pela revista Veja sobre uma investigação da Receita Federal em relação a políticos e servidores públicos de alto escalão, também chamadas de “Pessoas Expostas Politicamente”, mostram a presença de 11 senadores, 38 deputados, governadores, ministros e prefeitos, além de conselheiros de Tribunais de Contas estaduais, dois ex-candidatos à Presidência da República e um desembargador.

Ao todo, foram 173 pessoas mencionadas por terem procedimentos fiscais instaurados contra eles nos últimos cinco anos. Um dos nomes das listas, entre os 26 políticos mencionados, está o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, do Senado Federal, Renan Calheiros (MDB-AL). Essa tabela de nomes foi criada com apoio de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coas), que é responsável pelo monitoramento de movimentações de recursos suspeitas.

Apesar de não haver grandes detalhamentos nos documentos sigilosos obtidos pela revista, o senador é algo de diversas apurações de supostos desvios de recursos públicos e até de crimes de corrupção. Em resposta à revista, no entanto, a defesa do senador afirmou não saber o motivo pelo qual Calheiros vem sendo investigado pela Receita.

Também compõem essa lista o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o deputado federal e ex-candidato a Presidência da República (em 2014), Aécio Neves (PSDB-MG). Enquanto Lira começou a ser investigado em 2015, Neves entrou no radar da Receita somente em 2019. O presidente da Casa Legislativa federal foi acusado de corrupção pela Lava Jato e relatórios da Coaf mostraram inconsistências em suas transações bancárias. No entanto, apesar de ele ter sido absolvido em grande parte dos processos abertos pelo Ministério Público, inquéritos tributários permanecem abertos. Quanto a Aécio Neves, o Coaf produziu dois relatórios de inteligência financeira contra o senador que também demonstram movimentações de recursos suspeitas.

Em uma outra lista, com 211 procedimentos de fiscalização contra autoridades, tem entre os alvos o atual ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), o senador e ex-presidente, Fernando Collor (Pros-AL), o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) e o secretário da Fazenda de São Paulo ex-candidato à Presidência (em 2018), Henrique Meirelles. Desses, Collor se destaca na quantidade de processos, com 3 inquéritos abertos ainda em 2015. Já Ricardo Barros, que está na posição 195 na lista de políticos alvos para a cobrança de tributos, teve o inquérito contra ele aberto em 2018.

Apesar de estar sendo cobrado por uma dívida de cerca de R$ 10 milhões em impostos, juros e multa, o senador permanece em negação quanto as irregularidades mencionada e recorre na Justiça sobre a cobrança. Já a Ciro, o pagamento requerido é de R$ 17 milhões, mas assim como Collor, o ministro da Casa Civil nega ter cometido atos ilegais. Meirelles também recorre de sua cobrança, que é referente a uma divergência sobre alíquotas para recolhimento de impostos.