Junior Vilela, o estrategista digital por trás das campanhas políticas de Goiás

18 julho 2025 às 08h57

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Com mais de 22 anos de experiência em marketing digital, Junior Vilela é referência nacional quando o assunto é tráfego pago para campanhas políticas e órgãos públicos. Empresário, palestrante e estrategista à frente da agência Vira Click, ele já atendeu mais de 9 mil clientes e carrega no currículo certificações do Google e do Facebook. O profissional atende clientes de peso.
Além da atuação prática com performance, segmentação e dados, Junior também lidera pesquisas sobre comportamento digital e desenvolve treinamentos avançados para profissionais e empresas. Em entrevista ao Jornal Opção ele explicou, com clareza, o que é a chamada Trading Desk, uma estrutura que promete facilitar e potencializar a compra de mídia online.
“É muito simples entender o que é uma Trading Desk. Na prática, trata-se de um marketplace de anúncios online”, resume Vilela. “Nós compramos espaços publicitários digitais e revendemos para os clientes já com segmentação, estratégia e objetivos bem definidos.”
O diferencial, segundo ele, está na forma como esse serviço é estruturado. “Não é só o valor que o cliente está investindo. Ele está contratando uma equipe inteira, com especialistas que pensam a campanha do início ao fim. E mais: trabalhamos com tabela de preços fixa, o que as grandes plataformas como Google, Meta e LinkedIn não oferecem.”
Essa previsibilidade e o foco em performance têm rendido resultados acima do esperado. Junior cita como exemplo um projeto realizado para um órgão público de Goiás. “O objetivo era conquistar 20 mil inscritos, mas a campanha superou 200 mil. Isso acontece porque, quando atingimos nossa meta de lucro, usamos a margem excedente para entregar ainda mais resultado.”
“Nosso objetivo hoje com a Trading Desk e com a Vira Click é desburocratizar a mídia pra órgãos públicos”
Ele ressalta que o modelo beneficia principalmente gestores públicos, políticos e empresas que precisam de previsibilidade orçamentária e alto retorno. “Muitos pensam que só 50% do valor contratado chega à campanha depois de impostos, comissões e lucros. Mas esquecem que, além da mídia, estão contratando toda a inteligência por trás da campanha. Se tivessem que montar essa estrutura internamente, o custo seria muito maior.”
Vilela defende que o diferencial da Vira Click e da Trend Desk está nas pessoas. “Nosso maior ativo são as cabeças pensantes. Não é só sobre apertar botão de anúncio — é sobre estratégia, leitura de dados, segmentação correta, adaptação criativa. E isso exige experiência.”

Com foco em inovação, acessibilidade e usabilidade, Junior Vilela segue ampliando sua atuação em todo o país. “O futuro do marketing digital exige agilidade, inteligência e personalização. E é exatamente isso que entregamos aos nossos clientes.”
Como tudo começou
A trajetória de Junior Vilela começou ainda nos bancos acadêmicos. Estudou design gráfico na Universidade Federal de Goiás (UFG), mas logo migrou para o curso de marketing na Cambury. “Descobri que design tinha mais história do que desenho, e eu nunca fui fã de coisas passadas. Sempre gostei mais do presente e do futuro”, brinca.
Seu olhar aguçado para o comportamento do consumidor moldou seu método de trabalho. “Gosto de ir ao shopping só para observar como as pessoas compram. Quem compra um produto caro exibe a sacola como um troféu. Já quem compra algo barato esconde. Eu analiso até como as pessoas andam em escadas ou corredores. Tudo isso revela padrões.”
Essa curiosidade o levou ao marketing político. Um dos primeiros grandes cases foi o rebranding da marca Tio Jorge, que saiu da sétima para a primeira posição nacional em vendas de arroz em menos de um ano. Depois disso, entrou de vez para o universo das campanhas eleitorais.
“Subi no palanque com três anos de idade, falando nome e número de candidato. Sempre fui apaixonado por política. Trabalhei com Maguito Vilela, um dos políticos que mais admiro, e fui responsável por todas as campanhas digitais dele. Foi um marco para mim”, conta.
Antes da Vira Click, Junior precisou improvisar. Sem capital para abrir uma empresa do zero, convenceu um amigo a transformar a empresa “Versatily Ambiental” em “Versatily Ambiental e Marketing”.
“Ele achou estranho misturar marketing com meio ambiente, mas eu expliquei que no CNAE poderia funcionar. Ele cuidaria da parte ambiental, e eu do marketing. Foi assim que conseguimos dividir despesas e dar o primeiro passo.”
Com o crescimento, nasceu em 2020 a Vira Click, agora com sede própria em Aparecida de Goiânia, equipe estruturada e clientes de todo o Brasil. “O que nos diferencia é o nosso corpo técnico. A estrutura pode até ser simples, mas as cabeças são boas. Eu valorizo demais a equipe. Nosso diferencial não está só na tecnologia, mas nas pessoas que pensam e executam com excelência.”
“É uma troca de conhecimento.
As pessoas falam que o Júnior Vilela é especialista em tráfego, o Fábio especialista em marketing. Não existe especialista nessa área, é uma área que está em constante mudança, todos os dias tem uma novidade, todos os dias tem algo diferente dentro das plataformas, dentro das Big Techs, Instagram, Facebook, todos os dias muda alguma coisa”
Cases de sucesso
“Fizemos um canal de WhatsApp, por exemplo, que por muito tempo foi o número 1 do Brasil. Mesmo sem tráfego recente, ainda está entre os primeiros. Proporcionalmente, ele supera até o canal do governo de São Paulo”, destaca Vilela.
Outro projeto citado por ele é um aplicativo para combate à violência contra a mulher. “Entregamos entre 100 e 200 vezes mais do que foi contratado. A mesma coisa aconteceu com uma campanha de matrículas escolares. Nossos resultados sempre superam a expectativa.”
Para Junior, o segredo está no planejamento aliado ao profundo conhecimento sobre comportamento digital. “O vídeo, o site, a experiência de cadastro… tudo precisa ser chamativo, direto e acessível. Ainda mais em ambientes públicos, onde a burocracia é uma barreira constante.”
Ele defende que a comunicação institucional deve ser feita com qualidade, responsabilidade e de forma acessível. Segundo ele, a empresa atende uma ampla gama de entes públicos e aposta em um modelo que alia eficiência e respeito aos recursos públicos.

“Nós já atendemos o Ministério Público, né, que também tem essa questão de burocracia pra contratação desse tipo de trabalho. Nós atendemos quase todos os tipos de órgão público que você imaginar”, afirma Vilela.
A proposta da Trading Desk, segundo ele, é oferecer soluções que facilitem o acesso dos órgãos públicos a estratégias de comunicação digital eficientes. “Além do recurso antecipado, oferecemos tabela de preços fixa e um corpo de pessoas que são especializadas na área”, explica. “É pra gerir os recursos e fazer uma entrega melhor.”
Para Vilela, esse trabalho exige responsabilidade, mas também inovação. Ele compara a lógica de investimento em tráfego pago com o funcionamento de um mercado financeiro.
“Quando fala esse stracking, lembra muito investimentos, né? É uma trading. Você faz investimento e tem um resultado daquilo ali. O cliente vai aplicar o recurso, vai botar o recurso conosco e nós vamos fazer aquilo ali transformar em uma comunicação melhor pra ele.”
A comunicação pública, reforça, exige ainda mais cuidado porque o público é mais exigente. “As pessoas sabem que são elas que pagam por aquele serviço”, destaca. “Se você foi em um churrasco gratuito, não tem tanta reclamação, mas quando você contribui com um quilo de carne, você quer comer um pouquinho mais. Porque você contribuiu.”
Esse senso de cobrança se reflete diretamente nas avaliações que os cidadãos fazem das gestões públicas.
“Um cidadão que mora numa rua sem asfalto, quando vê a prefeitura gastando com shows que ele não gosta, vai criticar. Agora, se for um estilo musical que ele curte, ele até esquece que não tem asfalto na porta. São muitos interesses próprios. A preocupação dos políticos é justamente essa: falar com todo mundo”
Segundo o especialista, a comunicação pública exige equilíbrio e bom senso para evitar conflitos e garantir que todas as parcelas da população sejam respeitadas.
“Você tem que ter cautela na hora de entregar um conteúdo, por exemplo, de uma determinada religião, pra não confrontar outra. Ou conteúdos que não caracterizam posicionamentos ideológicos diferentes. Tem que comunicar com todos, com todo mundo”, afirma. “Até pra nossa estratégia de entrega, temos que tomar esse cuidado, ter esse filtro.”
Primeira campanha aos 11 anos

Antes de se tornar uma das principais referências em marketing digital voltado para o setor público e campanhas políticas, Junior Vilela era apenas um menino curioso com um talento precoce para o desenho — e uma Bíblia da mãe que virou tela para mais de 1.200 páginas de criatividade infantil.
“Descobri que eu pintava com dois anos e meio, quando peguei uma Bíblia da minha mãe, daquelas com as bordas douradas. Desenhei todas as páginas, não deixei uma sem pintar. Desde pequeno, sempre gostei muito da área de criação”, lembra, com bom humor.
Natural do Carmo do Rio Verde, Vilela passou a infância entre cidades do interior de Goiás e chegou ainda criança à Vila Brasília, em Aparecida de Goiânia, onde viu de perto as dificuldades e o crescimento da periferia. “A rua era de terra, depois minha mãe ganhou um lote no Colina Azul, que era uma invasão na época. A gente morou primeiro com uma tia, depois com um tio, até construir uma casa simples, com cisterna e tudo”, conta.
Apesar das dificuldades, foi ainda menino que seu talento começou a chamar atenção. Aos nove anos, a esposa de um político local notou suas habilidades artísticas e o levou para pintar os muros de sua escola. “Ela viu que eu desenhava muito e me levou pra ficar na casa dela uma semana. Fiz os desenhos dos muros da escola dela. Com 11 anos, já estava fazendo campanha pro João Antônio”, relembra.
Com apenas 13 anos, Junior foi contratado para trabalhar com serigrafia no Bazar do Professor Alcides — sem computador, tudo era feito à mão, no nanquim. A partir daí, passou por gráficas e empresas de design até migrar definitivamente para o marketing.
“Depois fui trabalhar com o Grupo Tio Jorge, uma das principais empresas do setor. Saí da Ikea, uma empresa mista, e entrei numa corporação exigente. Os desafios eram grandes, mas os resultados foram muito bons”, afirma. A experiência no setor privado pavimentou o caminho para que abrisse sua própria empresa e investisse na comunicação institucional e pública.
Um dos primeiros projetos de impacto foi o portal Aparecida Net, voltado para cobertura de eventos e divulgação de conteúdo digital. Mas foi no marketing político que ele encontrou sua real vocação. “Percebi que gostava mais do relacionamento, do planejamento, do que da execução em si. Criei essa identidade de pensar as estratégias, de estruturar as campanhas”, explica.
O reconhecimento veio logo: Maguito Vilela, então em campanha, convidou Junior para integrar sua equipe. “Foram experiências muito boas e extremamente gratificantes. Trabalhar com o Maguito foi um marco.”
Hoje, Junior Vilela é especializado em comunicação digital para o setor público e atende exclusivamente órgãos públicos e entidades de classe como Sebrae, Fieg, Sesc e Senac, atuando como subcontratado por agências vencedoras de licitação. “Nós entramos como um produto. A agência principal vence o processo licitatório, e nós somos contratados por ela como fornecedores especializados”, detalha.
Dentro da empresa que fundou, Junior desenvolveu um sistema próprio de monitoramento de campanhas. “Temos um dashboard interno e outro que entregamos ao cliente. Ele mostra tudo o que está rolando: se a campanha está indo bem ou não, quais os comentários, qual o termômetro nas redes. Isso nos permite agir rapidamente, ajustar estratégias e medir impacto com precisão.”
Apesar do controle digital, Junior não abre mão do contato com o mundo real. “É bom demais estar em outra cidade, abrir o YouTube e ver a campanha que você criou passando ali, como aconteceu com a da vacinação do governo. Fiquei todo empolgado quando vi. A gente se emociona mesmo.”
A rotina intensa, os dados, a estratégia e a emoção se misturam no cotidiano desse profissional que começou desenhando muros e hoje ajuda a moldar a imagem de governos e instituições. “Você acaba acostumando, né? Vai criando mecanismos. Mas no fundo, continuo sendo aquele menino curioso, que gosta de ver resultado e fazer algo bonito.”
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