Isadora Santos, de 14 anos, está internada no Crer, onde passará por processo de reabilitação e readaptação

Carlos Alberto de Morais e Isabel Rosa do Santos, pais da Isadora | Foto: Larissa Quixabeira

A professora Isabel Rosa dos Santos, mãe da adolescente Isadora, de 14 anos, que ficou paraplégica após ser alvejada por um colega de classe em Goiânia, disse nesta segunda-feira (13/11) que a menina tem “altos e baixos” e que ainda se lembra de detalhes do dia da tragédia.

“Ela está bem, mas tem altos e baixos. Em alguns momentos, ela se mostra bem confiante, diz que vai sair daqui, vai voltar a andar, mas em outros ela também se pergunta por que isso aconteceu com ela. Ela se lembra de detalhes, coisas que foram ditas lá na hora, então é normal esse trauma. Ela tem 14 anos, tinha uma vida toda pela frente e agora vai ter que se reeducar”, disse a mãe em coletiva de imprensa.

Isadora está internada no Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), onde deve ficar por pelo menos mais 30 dias para começar o tratamento de reabilitação. Ela perdeu os movimentos e a sensibilidade da região do umbigo para baixo. Os médicos ainda não sabem se ela poderá recuperar os movimentos ou não, mesmo que parcialmente.

“Para nós é muito angustiante ouvir tudo isso dos médicos porque a gente nunca espera que isso vai ocorrer com o filho da gente, mas com o passar do tempo acredito que ela vai se sobressair, ela é muito forte e determinada e sei que aqui o atendimento é de excelência”, arrematou. A mãe de Isadora estava ao lado do marido, Carlos Alberto Morais, e dos médicos que atendem a adolescente no Crer.

Segundo Isabel, por enquanto, a filha tem recebido visitas apenas de parentes, mas está em contato com os colegas de sala. “Eles se falam por vídeo e mensagens de voz. Eu não entrei em detalhes com ela, mas quando ela quer falar eu a escuto. Ela diz que os colegas comentam que sentem muito a falta dela e também do João Pedro e do João Vitor, que morreram. Todos eles passaram por esse trauma e agora que estão se reencontrando, tentando se adaptar de alguma forma”, relatou.

Emocionada, a mãe agradeceu a todos que torcem pela recuperação da família e diz que a família busca forças para passar otimismo para a garota. “Temos tido muito apoio dos amigos, da família, e também de pessoas que nem conhecemos mas que nos mandam mensagens positivas. E isso nos dá um ânimo a mais para enfrentar toda essa situação”, disse.

Audiência Pública

Isabel dos Santos e outros familiares de vítimas da tragédia no Colégio Goyases organizam uma audiência pública para a próxima sexta-feira (17/11), na Assembleia Legislativa de Goiás, para debater sobre segurança nas escolas. O evento foi organizado com apoio da deputada Delegada Adriana Accorsi (PT).

“Tivemos mais casos como o de Luziânia, de Trindade, então diante disso buscamos abrir o debate. Daqui a pouco nossos filhos não vão mais querer ir para a escola porque terão medo”, disse.

Isabel diz não acreditar que o problema da violência nas escolas seja apenas bullying e ressalta a importância da família na educação dos filhos. “É minimizar muito a situação dizer que a apenas bullying. É uma definição muito simplista quando temos, na verdade, um problema muito maior. A família está transferindo para a escola uma responsabilidade que é dela e eu, enquanto mãe, educadora e cidadã, acho que temos que fazer alguma coisa.”


O Caso

A tragédia que chocou Goiânia e todo o País aconteceu no último dia 20 de outubro no Colégio Goyases, localizado no Conjunto Riviera, na capital goiana, quando um adolescente de apenas 14 anos abriu fogo contra os colegas de sala, matando dois e deixando quatro feridos.

O garoto, filho de policiais militares, usou uma pistola .40 para cometer o atentado. Segundo informações de colegas, ele sofria bullying e era extremamente introvertido. O autor dos disparos foi internado após decisão judicial.

Todos os outros feridos já receberam alta hospitalar. Apenas Isadora permanece internada.