Deputado diz que infiéis querem indicar aliados da base do governador às comissões provisórias e por isso devem ser expulsos 

José Nelto protocola pedido de expulsão no diretório | Foto: Marcello Dantas
José Nelto protocola pedido de expulsão no diretório | Foto: Marcello Dantas

O PMDB estaria qualificando seus quadros no interior goiano ao expulsar os 20 prefeitos da legenda, acusados de infidelidade partidária por apoiarem o governador Marconi Perillo (PSDB) na campanha de reeleição no passado. É o que sustenta o deputado estadual José Nelto.

A advertência máxima encaminhada ao diretório goiano pretende também frear suposta tática encabeçada pelos peemedebistas que pode refletir nas eleições de 2016 e de 2018: travar o comando das comissões provisórias — grupo formado por filiados ligados a prefeito e vereadores que antecede a formação definitiva dos diretórios municipais.

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O esquema funcionaria da seguinte maneira: o prefeito infiel sairia do PMDB para filiar-se ao PSDB. Depois, indicaria aliados seus para integrar a nova comissão provisória e articular o processo de eleição do colegiado e à prefeitura daquela cidade em 2016. A estratégia estaria envolvendo ainda vereadores do partido.

A direção do PMDB teme que, como consequência, os candidatos à prefeitura que se candidatem pelo partido tenham indicados do Palácio das Esmeraldas em suas chapas majoritárias. A possível eleição traria reflexos ao pleito de 2018, ano em que a base aliada lançaria nome indicado por Marconi.

“Eles estão armando uma manobra, e acham que estamos dormindo aqui [no diretório], para segurar a direção das comissões provisórias nessas cidades. Nós não vamos permitir e nem aceitar. Vamos indicar uma comissão provisória que tenha candidatura própria pelo PMDB e que seja adversário desse prefeito traidor do município”, disse o deputado estadual José Nelto que, em entrevista ao Jornal Opção Online nesta segunda-feira (10), concedeu as informações.

Ligado ao grupo irista, o líder da bancada peemedebista na Assembleia Legislativa é autor do documento que pede a expulsão dos prefeitos. O parlamentar foi um dos maiores defensores da expulsão do empresário Júnior Friboi da sigla — concretizada em junho passado — após declarar em carta pública que Marconi era o melhor candidato contra Iris no segundo turno.

A exclusão retira os direitos de prefeitos e vereadores de indicar integrantes na formação dos futuros diretórios, o que deve acontecer próximo das convenções partidárias. Segundo Nelto, a decisão serve para moralizar a política do partido e fortalecer a oposição. “O que nós não queremos e não vamos permitir é que o PMDB seja usado [pelos prefeitos] para, depois, declararem apoio ao Palácio das Esmeraldas. Não aceitamos coligação com o PSDB”, defende. Agora, a lista com os infiéis segue para a Comissão de Ética, formada por sete integrantes. Não há previsão para divulgar as decisões.

O líder da bancada apontou ainda que os diretórios que sucederem as comissões nos 246 municípios já tem fidelidade: lançar candidatos próprios aos poderes executivos. “E se os integrantes apoiarem partidos ligados ao Palácio das Esmeraldas ou o PSDB para dar a vitória de cara para o governo do estado, a comissão provisória será extinta imediatamente”, ameaça.

Nas eleições passadas, Marconi só não venceu em 14 das 246 cidades goianas. O número corresponde a 95% de vitória do tucano, que teve como principais adversários o ex-governador Iris Rezende (PMDB), o empresário Vanderlan Cardoso e o ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide (PT).