O norte-americano agradeceu à publicação do Grupo Abril e disse que tem “orgulho” em ser tratado com um repórter que embarcou no “discurso governista” pela publicação

Jornalista norte-americano ironiza críticas da revista Veja contra ele | Foto: Daryan Dornelles
Jornalista norte-americano ironiza críticas da revista Veja contra ele | Foto: Daryan Dornelles

Primeiro jornalista a publicar informações sobre a espionagem global realizada pelo governo dos Estados Unidos através de documentos vazados por Edward Snowden, ex-agente da Nacional Security Agency (Agência de Segurança Nacional), o jornalista norte-americano Glenn Greenwald se diz orgulhoso por ser atacado pela revista Veja, que o trata como um estrangeiro que teria “embarcado no discurso governista” de que há um golpe em curso no Brasil.

Em seu Twitter, como divulgou a revista Fórum, Greenwald disse “tenho orgulho em ser atacado pela Veja” na quarta-feira (20/4). E, no mesmo dia, publicou no seu microblog: “Estão acostumados a controlar o debate sobre Brasil, e estão indignados que não conseguem agora. Perderam o controle”.

O jornalista ironizou a Veja e afirmou, em comentário na CNN, ser “perturbador” a forma como estão “brincando” com a democracia no Brasil, que tem apenas 31 anos, desde a reabertura política em 1985, com o fim da ditadura militar, que tomou o poder em 1º de abril de 1964 e acabou com a democracia no País por 21 anos.

https://twitter.com/ggreenwald/status/722755997178003456?ref_src=twsrc%5Etfw

https://twitter.com/ggreenwald/status/723519712974479361

Greenwald mora no Rio de Janeiro e cobre a crise institucional, política e econômica do País para o The Intercept. Nesta sexta-feira (22), o jornalista publicou a matéria Para Entender a Verdade no Brasil, Veja Quem Está Sendo Implantado na Presidência — e na Chefia das Finanças.

O jornalista recebeu o Prêmio Pulitzer em 2014 pelas matérias divulgadas no The Guardian em 2013 sobre os documentos que comprovam a espionagem dos Estados Unidos a outros governos e organizações em todo o mundo.

Não é só Greenwald que tem criticado a cobertura da imprensa brasileira sobre o processo de impeachment e a crise política no Brasil. Outros jornais de vários países tem criticado de forma dura como a falta de isenção da mídia nacional tem acompanhado e divulgado os fatos sobre a análise do impedimento da presidente Dilma Rousseff (PT) e os fatos que envolvem seu possível afastamento e destituição do cargo.

“É a coisa mais extraordinária, porque não apenas praticamente toda a classe política brasileira que está tentando tirá-la está envolvida em casos de corrupção muito sérios”, disse Greenwald à CNN.

E continuou: “O que eu quero dizer é que é a coisa mais surreal que eu já vi em toda a minha carreira de jornalista, ou em qualquer outro lugar cobrindo política nesses países, foi que ontem (domingo), a pessoa que estava presidindo o processo de impeachment, na Casa, Eduardo Cunha (presidente da Câmara dos Deputados), ele é uma pessoa conhecida por ter escondido milhões de dólares de suborno.”

Veja matéria da CNN na qual o jornalista Glenn Greenwald comentou, na segunda-feira (18), o processo de impeachment em curso no Congresso. A legenda traz um erro. Quando a apresentadora diz “594 congressistas” foi traduzida como “594 deputados”. A Câmara dos Deputados tem 513 deputados federais e o Senado 81 senadoras. Se você somar, o que não é difícil, vai perceber que 513 + 81 dá 594. Assista ao vídeo: