Jornal Opção completa 46 anos reforçando identidade analítica

27 dezembro 2021 às 12h01

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Criado o jornal, em plena ditadura civil-militar o jornal conseguiu manter uma linha crítica por toda sua história
Nascido em dezembro de 1975, o Jornal Opção já foi semanário, diário e voltou a ser semanário — e hoje é diário na internet. O principal criador, o jornalista e economista Herbert de Moraes Ribeiro, era leitor de várias publicações, notadamente do “Opinião” — jornal que combatia a ditadura. Ao lê-lo, Herbert observava duas coisas. Primeiro, a massa crítica acentuada dos textos. Segundo, a qualidade editorial. Os textos eram, no geral, muito bem-feitos.
Criado o jornal, em plena ditadura civil-militar, Herbert conseguiu manter uma linha crítica e analítica. O jornalista, que teve de se tornar empresário para garantir a sobrevivência do jornal, sempre exigiu dos jornalistas apuração detida dos acontecimentos e texto primoroso (o jornal tinha de ser tanto bem escrito quanto bem pensado). Detestava gralhas e, na segunda-feira, aparecia com o jornal todo marcado com marca-texto verde (o mesmo que usava para a leitura de livros de filosofia, economia e política). O manual de redação do jornal, estabelecido por Herbert, sugeria evitar o uso de “via de regra” (seguia a recomendação de Carlos Castelo Branco para Paulo Francis), “desempenho”, “penetração”, “racha”, “a nível de”, “fazer a gata parir”. Palavras e expressões de duplo sentido — ou com conotação sexual, o que possibilitava grosserias (que ele detestava) — não eram de seu agrado.
Quarenta e seis anos depois, o Jornal Opção mudou e avançou. Hoje, é um jornal diário, com uma edição impressa semanal. No dia a dia, o jornal faz uma cobertura dos fatos, por vezes analisando-os e esmiuçando-os para os leitores. Aos domingos, publica uma edição mais analítica. A capacidade de analisar os fatos, provando que podem dizer mais do que aparentemente estão dizendo, distingue o jornal da maioria das outras publicações. A redação é incentivada a reforçar sua massa crítica. Durante as coberturas a diretora-editora responsável do jornal, Patrícia Moraes, filha de Herbert de Moraes Ribeiro, incentiva os jornalistas a fazerem uma cobertura mais ampla e crítica. Sempre disse aos repórteres para manter uma cobertura isenta e, ao mesmo tempo, crítica. Em poucas palavras, a jornalista sempre defende que o jornal deve fazer uma cobertura factual ampla, com espaço para todas as correntes. Mas sem renunciar a ter a própria opinião sobre os acontecimentos.