Parlamentares temem que benefício aos clubes de futebol possa ser injusta e prejudicial a sociedade goianiense

Isenção de IPTU aos clubes de futebol profissional gera indignação em vereadores da base e oposição | Foto: Reprodução

Apesar de o Código Tributário ter acabado de passar pela Procuradoria da Câmara Municipal de Goiânia e nem ter chegado à Comissão de Constituição de Justiça e Redação (CCJ) ainda, as discussões sobre pontos já analisados pelos parlamentares estão a todo vapor. Na manhã desta terça-feira, 14, vereadores se posicionaram contra a isenção de IPTU aos times de futebol goianienses.

Com a reformulação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) realizada pelo código, foi divulgada pela Prefeitura a isenção ou a redução de impostos a determinadas categorias. A isenção total do IPTU aos Clubes de Futebol Profissional sediados em Goiânia está entre os benefícios fiscais mencionados no Anexo 5 do Código Tributário. Confira:

Itens 13 e 14 do Anexo X do Código Tributário em tramitação na Câmara Municipal de Goiânia | Foto: Print do Código Tributário

Ao puxar o gancho da discussão que contou com o apoio de parlamentares da base, o vereador Santana Gomes (PRTB) discordou da possibilidade de isenção aos times e afirmou que, caso a ideia permaneça, é preciso existir algo que compense a sociedade. “Tem que ter uma contrapartida com o município. Acho que temos que apresentar emenda que pode até ter isenção, mas eles também mantém uma academia para a secretaria de Esporte ou algo assim. Qual é a contrapartida que o pagador de impostos e a sociedade vai ter com isso?”, questionou Santana.

Cabo Senna (Patriota) e Pedro Azulão Jr. (PSB) foram dois vereadores da base que concordaram com o perretebista. “Os clubes ganham muito dinheiro, se vende jogador de milhões. Vai zerar e não vai cobrar mais nada? Precisamos conversar muito a respeito disso. temos que estudar muito, porque se aprovarmos vai ficar muito fácil aos clubes”, afirmou o patriota.

Em resposta, no entanto, Clécio Alves (MDB), que presidia a sessão, afirmou que esse questionamento já havia sido respondido pelo próprio Santana Gomes, através das compensações. “O vereador Santana deu a solução. Vai isentar? Então qual a contrapartida? É simples”, disse.

O vereador Kleybe Morais (MDB) até chegou a sugerir uma forma de contrapartida de cunho social, visando reduzir a marginalidade entre os jovens e contribuir com crianças que vivem em situação de vulnerabilidade. “Eu propus os times destinem 10% das vagas de suas escolinhas, independente da modalidade esportiva, seja basquete, vôlei, natação ou futebol, para crianças carente. Inclusive com uniforme e e todo o aparado necessário a prática esportiva”, explanou o emedebista.

No entanto, Pedro Azulão Jr. não se mostrou contente com a situação e ressaltou a responsabilidade da Câmara Municipal em ter poder de convencimento quanto a essa questão, para que cidadãos goianienses não acabem prejudicados. “Como esse pessoal consegue esses benefícios? Não adianta falar que vai dar 30% para crianças carentes, isso é “para inglês ver”. Já estamos velhos na Casa e sabemos como isso é. Como se vai isentar eles de uma dívida de quase R$ 40 milhões? Clube de Futebol não pode querer ser um poder paralelo. Esses caras acham que estão mandando. Eles estão derramando dinheiro, contratando jogador caro, e querendo isenção?”, indagou pessebista.