Irmão de deputado, Luis Ricardo diz à PF que não gravou Bolsonaro sobre irregularidade com Covaxin
17 julho 2021 às 08h35
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Em inquérito que investiga prevaricação do presidente, o irmão do servidor, deputado Luis Miranda (DEM-DF), ainda vai depor para esclarecer o caso
O jornal O Globo divulgou, com exclusividade, que, à Polícia Federal, na quarta-feira, 14, o chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, afirmou não ter gravado a conversa que ele e o irmão, deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), mantiveram com o presidente Jair Bolsonaro em março. O depoimento foi confirmado ao veículo de comunicação por fontes que acompanham o caso.
A revelação é importante para o encaminhamento das suspeitas de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin, que foi empenhada (tem dinheiro reservado e “carimbado” para pagamento), embora não tenha sido de fato paga pelo governo federal.
O servidor foi ouvido no inquérito que apura suspeitas de prevaricação de Bolsonaro. Como depôs como testemunha, tinha obrigação de dizer a verdade. Na ocasião, confirmou à PF ter levado o relato de irregularidades envolvendo a compra da Covaxin a Bolsonaro, mas negou feito gravação desse encontro.
O presidente está sendo investigado por supostamente não ter enviado a denúncia dos irmãos Miranda para apuração pela Polícia Federal na ocasião, o que configuraria a prevaricação. A investigação ocorre por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), após o depoimento deles à CPI da Pandemia. O inquérito foi solicitado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que acompanha a investigação.
O deputado Luis Miranda até agora não prestou depoimento, mas terá de explicar à PF se existe ou não uma gravação da conversa. A PF tentou intimá-lo em seu gabinete em Brasília, mas os funcionários se recusaram a receber a intimação, como mostrou a colunista Bela Megale, também de O Globo.
O deputado foi o responsável por levar Luis Ricardo até Bolsonaro para relatar as suspeitas envolvendo a Covaxin. Segundo o relato do parlamentar, o presidente prometeu tomar providências, mas não comunicou a PF. Por isso, senadores apontaram ao STF a possível ocorrência do crime de prevaricação e pediram o procedimento de investigação. A versão da defesa do presidente é de que o mandatário teria solicitado a Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde, que verificasse eventuais problemas no contrato.
* Com informações de O Globo.