Iris, Waldir, Vanderlan e Adriana têm vantagem, mas eleição está aberta
03 junho 2016 às 21h21

COMPARTILHAR
Analistas sugerem ao Jornal Opção que primeiros colocados na pesquisa divulgada pela Rede Record saem na frente, mas nomes (ainda) desconhecidos podem surpreender

Divulgada na terça-feira (31/5) pela Rede Record, a primeira pesquisa de intenção de votos para prefeito em Goiânia feita pelo Instituto Paraná trouxe alguns dados considerados surpreendentes pelo marqueteiro Renato Monteiro. Um deles é o fato de o pré-candidato Delegado Waldir Soares (PR) aparecer empatado com Iris Rezende (PMDB) nos 27,4% entre o eleitorado ouvido para o primeiro turno.
[relacionadas artigos=”67399,67450″]
Quando apresentados os dez nomes dos pré-candidatos na capital, Delegado Waldir e Iris aparecem com 27,4% das intenções de votos cada um, seguidos de Vanderlan Cardoso (PSB), que atingiu 12,5% da preferência dos eleitores, Adriana Accorsi (PT) com 9,4%, Luiz Bittencourt (PTB) no 1,7%, Francisco Júnior (PSD) e Giuseppe Vecci (PSDB) empatados em 1,4% cada, Djalma Araújo (Rede) com 0,8%, Alexandre Magalhães (PSDC) 0,3% e Flávio Sofiati (PSOL) 0,2%.
Para Renato Monteiro, os números deixaram claro que hoje existem quatro candidatos realmente, ao menos no primeiro momento, na disputa pela prefeitura de Goiânia: Delegado Waldir, Iris Rezende, Vanderlan Cardoso e Adriana Accorsi, com chances de crescerem e trocar de posição nas pesquisas ao longo do período pré-eleitoral e durante a campanha, a partir de agosto.
“Esse primeiro momento mostram quem são os candidatos mais conhecidos e os menos conhecidos do eleitor. Temos como muito conhecidos Iris e Waldir.” Para Renato Monteiro, o Delegado Waldir traz com ele o perfil do “antipolítico”, que pode ser benéfico ao pré-candidato do PR nesse momento de indignação no cenário nacional com os escândalos de corrupção.
Outro especialista entrevistado pelo Jornal Opção avalia também que nomes ainda desconhecidos pela população poderão ter vantagem em um futuro próximo, como é o caso dos pré-candidatos Giuseppe Vecci e Luiz Bittencourt. Sobre o nome do PSDB, o pesquisador, que preferiu ter o nome omitido, afirmou que mais de 80% do eleitorado de Goiânia ainda não conhece Vecci. Mas avaliou que tanto ele como Vanderlan têm chances de aproveitar um perfil de pré-candidato técnico ou no nome novo na disputa.
“Esses dois pontos servem para os dois, mais para o Vecci, que nunca disputou uma eleição para o Executivo, do que para o Vanderlan, que já foi prefeito por duas vezes em Senador Canedo.”
Mais surpresas
Renato Monteiro destaca também outros três elementos que ele considerou surpreendentes nesse levantamento do Instituto Paraná, apesar de dizer que ainda é muito cedo para avaliar o quadro eleitoral na capital. O primeiro deles é verificar a posição do Delegado Waldir na pesquisa, empatado com Iris.
“O que precisa ser melhor explicado pelas pesquisas qualitativas: Esse empate entre Waldir e Iris não deixa de surpreender; Iris teria estabilizado, já que a cada eleição ele tem perdido a capacidade de conseguir votos?; Waldir está pegando carona na votação que teve em 2014?”
Renato Monteiro ainda levantou dois pontos que também, para ele, chamaram atenção nos números da pesquisa divulgada pela Record: o fato de Vanderlan ter ou não estagnado em um porcentual muito próximo ao das últimas eleições que participou entre o eleitorado de Goiânia e o fato de a petista Adriana Accorsi aparecer com quase 10% em um momento de descrédito e desconfiança com o seu partido.
“O fato da Adriana aparecer em quarto lugar com intenção de voto que chega a quase 10% pode ter apresentado um indicativo de crescimento ao longo da campanha. Em 2012, quando disputou a reeleição, o prefeito Paulo Garcia tinha um percentual menor do que o dela”, observou.
Mas o marqueteiro afirmou que, dado o momento ainda de pré-campanha, ainda é cedo para tirar muitas conclusões dos números apresentados pela pesquisa. “Sem uma qualitativa não dá para avaliar muito esse possível resultado. Mas é certo que teremos uma disputa muito acirrada.”
Rejeição
Monteiro disse que, pelos números que tem analisado nas pesquisas internas, achou os porcentuais de rejeição dos pré-candidatos “até baixo”. Na pesquisa da Record, Iris aparece com 21,2% de rejeição, seguido do Delegado Waldir, que tem 11,5%, Djalma com 10,6%, Adriana 10,5%, Bittencourt 9,8%, Francisco Júnior 9,5%, Vecci 8,8%, Alexandre 7,5%, Vanderlan 6,9% e Sofiati 5,7%.
Já a outra fonte entrevistada pelo Jornal Opção disse que 11% é um porcentual de rejeição que todo candidato costuma ter, e que para Iris 21,2% de eleitores que não votariam nele ainda é um dado que não causaria qualquer preocupação para o pré-candidato peemedebista. “Mas para um nome conhecido como o do Iris ter apenas 27,4% de intenção de voto é algo bastante preocupante”, avaliou.
O mesmo entrevistado que disse entender ser baixo tanto o porcentual de rejeição quanto o de possibilidade de votação de Iris, analisou que os outros oito nomes além do pré-candidato do PMDB e do Delegado Waldir ainda têm um nível muito alto de desconhecimento por parte do eleitor. “E devemos lembrar que 27% não consolida candidatura de ninguém.”
Para essa fonte, a eleição municipal deste ano pode ser a de resultado “mais imprevisível” da história. “É claro que alguns candidatos vão crescer nas pesquisas, mas dá para saber quem vai para o segundo turno ainda”, declarou.
Figura de Waldir
Considerado como de perfil “antipolítico” por Renato Monteiro, a figura eleitoral do Delegado Waldir levanta dúvidas no outro entrevistado do jornal, que disse ter o pré-candidato do PR “características muito peculiares”. “Fora desses 27% de eleitores, como enxergam a postura e as atitudes de Waldir o restante do eleitorado?”
Essa fonte disse acreditar que uma possível candidatura de Adriana Accorsi pode não decolar por estar ligada à figura do prefeito Paulo Garcia (PT), que tem avaliação muito baixa de sua gestão. “Acredito que o impedimento possa ser o PT local, não tanto o nacional”, afirmou.
Já Renato Monteiro declarou que como, para ele, o discurso da crise nacional que sobre o PT não deve influenciar na eleição local, Adriana teria chances de crescer entre Iris, Waldir e Vanderlan e teria chance de ser um nome forte para chegar ao segundo turno. “Pelo desgaste do PT, era para a Adriana estar na lanterninha dessa pesquisa, o que não aconteceu”, considerou.
Campanha sem dinheiro privado
Com o fim das doações de empresas e pessoas jurídicas para candidatos e partidos, os dois entrevistados analisaram que haverá uma dificuldade financeira nas campanhas. A vantagem, para os dois, é a possível realização de uma disputa eleitoral “mais barata”.
Renato Monteiro afirmou que o fator militância consolidada de partidos como PT e PMDB pode pesar positivamente para candidatos como Iris Rezende e Adriana Accorsi, que são de legendas nas quais as alas de apoio aos seus filiados acontece de forma mais “consciente e consolidada”.
Já entre os partidos menores ou com militância mais diluída, Renato disse acreditar que haverá mais dificuldade para realizar esse trabalho não pago na campanha. Mas ele destacou que o PSDB, apesar de não ter uma base forte nos movimentos sociais, como PT e PMDB têm, “leva certa vantagem” entre as classes média e alta da economia goianiense.
“Ainda é uma pesquisa muito isolada, pelo momento em que foi feita, no início da pré-campanha, e é muito cedo para tirar dela pontos que sejam conclusivos para o que pode acontecer nas urnas. Mesmo assim, ela reflete quem é mais conhecido, o que nós chamamos de capital social dos pré-candidatos”, pontuou Renato.