Iris Rezende ataca e desafia Carlos Cachoeira. Falta ao empresário apresentar provas contra o ex-prefeito

19 agosto 2014 às 08h26

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O candidato a governador de Goiás pelo PMDB garante que não conhece Carlos Cachoeira e que não é “homem de negociata”
“O Popular” publicou um título que, apesar de baseado na fala do ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende, não traduz a realidade. “Iris diz que não responderá Cachoeira”, anota o jornal. No entanto, na reportagem, o candidato do PMDB a governador de Goiás não faz outra coisa a não ser responder as críticas do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos. O que não faz é uma resposta detalhada a respeito das acusações.
Na sua resposta, Iris Rezende apesenta-se como tático e estrategista militar e político. Embora diga que não vai responder as acusações de Carlos Cachoeira, não faz outra coisa, mas busca, aí como estrategista, atacar o que avalia como alvo eleitoral maior, o tucano-chefe, ao citar o empresário como “preposto” do governador Marconi Perillo, que estranhamente, embora acusado, não foi ouvido pelo jornal. “Quem faz o que esse cidadão [Cachoeira] fez não é digno da atenção e do respeito de ninguém. Por isso vou responder é o governador e não o preposto dele”, frisou Iris (responder “ao” governador é a forma apropriada, mas o repórter optou por não corrigir a fala do peemedebista). Não há nenhuma referência ao fato, comprovado, de que Carlos Cachoeira participou de um governo do PMDB, o de Maguito Vilela, como dirigente da Gerplan, sucedânea da Loteria do Estado de Goiás. Pode-se dizer que um governo do PMDB começou a “limpar” um dos negócios do empresário? Não se tem certeza. Mas pode se afirmar que Maguito Vilela, como governador, cometeu alguma ilegalidade? Não. Não há indício de ilicitude.
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Carlos Cachoeira disse, em artigo publicado no “Diário da Manhã”, “Os canalhas também envelhecem”, que Iris Rezende se encontrou com diretores da Delta Construções. Ainda que afirme que o empresário não está dizendo a verdade, na sua resposta ambivalente — e desqualificadora (Carlos Cachoeira é tratado como uma figura de nenhuma importância) —, Iris Rezende admite que recebeu, em sua fazenda do Xingu (Mato Grosso), na qual planta soja, o presidente da empreiteira, Fernando Cavendish. Não menciona se Cláudio Vieira, então representante da construtora em Goiás e suposta ponte com Carlos Cachoeira, esteve presente. “Não sou homem de negociata. Nunca me meti em atos ilícitos”, afirma Iris Rezende. “O Popular” relembra: “Na gestão de Iris na Prefeitura de Goiânia (2005-2010), a Delta manteve grandes contratos, como a obra do viaduto da T-63”. Não há, porém, prova de ilicitude na obra ou de que a Delta tenha repassado alguma porcentagem para Iris Rezende ou algum de seus secretários.
Ao contrário do afirmou Carlos Cachoeira, Iris Rezende assegura que não “prometeu legalizar o jogo do bicho quando governou o Estado [de Goiás] pela segunda vez (1991-1994)”. O ex-prefeito sustenta que nunca frequentou o ambiente de Carlos Cachoeira. “Ele (Cachoeira) vive em um ambiente que não é o meu. Para você ter uma ideia nunca vi na minha vida essa criatura”, garante. Mas ressalta: “Se eu vi não sabia quem era. Não tenho a mínima relação. Nunca fui metido em nada de ilícito. Nada”.
Agora, espera-se o próximo round, ou seja, que Carlos Cachoeira apresente as provas do que disse a respeito de Iris Rezende. Mesmo de modo ambíguo, o ex-prefeito de Goiânia desafiou o empresário e sugeriu que não está dizendo a verdade. É um ataque duríssimo. Sem luvas de pelica, mas hábil, notadamente quando tenta conectar a crítica de Carlos Cachoeira ao candidato do PSDB a governador de Goiás.