Professor chegou a ser afastado por ter tirado dúvida de estudantes que se mobilizam

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O presidente do Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed), Antônio Gonçalves, relatou ao Jornal Opção, que, para além do fechamento de turmas da educação infantil, a Prefeitura também está encerrando atendimento a turmas do ciclo três da educação, ou seja, sétimo, oitavo e nono ano, em quatro escolas da Capital.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou à reportagem, o ciclo três é corresponsabilidade com o Estado e, por isso, os estudantes dessas escolas em específico seriam transferidos para colégios da rede de ensino do Governo de Goiás. O Estado já oferece turmas do Ensino Fundamental II, a partir do quinto ano, em sua rede.

O presidente do sindicato critica a medida. “Estão jogando a responsabilidade para o Estado e isso vai acabar gerando mais evasão por parte dos estudantes”, disse. Segundo ele, a Lei de Diretrizes Básicas (LDB) da educação determina que o ensino fundamental é responsabilidade do Município. “E isso que a Prefeitura está fazendo é algo extremamente grave”, completou.

Mobilização

Enquanto isso, nas escolas municipais, estudantes, pais, mães e responsáveis têm se mobilizado contra a medida. Na escola Bárbara de Sousa Morais, no Jardim Novo Mundo, alunos que farão o nono ano em 2019 e já foram impedidos de se rematricularem iniciaram mobilização por meio de assembleias.

Lá, inclusive, um professor de história foi penalizado por ter tirado dúvidas de estudantes sobre quais procedimentos eles poderiam tomar para reivindicar permanência na escola. À reportagem, o professor José Luciano contou que a própria direção da escola alertou que “não era bom para alguém em estado probatório ficar se manifestando”.

Posteriormente, José, que também ocupava cargo na SME, foi afastado da secretaria e remanejado para outra escola que, segundo ele, fica longe de onde mora. “Primeiro me mandaram para o Jardim Guanabara, chegando lá eu soube que nem estava precisando de professor de História, agora me transferiram para a escola Patrícia Rodrigues de Paiva, no Vale dos Sonhos”, relatou e completou que, agora, tem que acordar às 6h da manhã para chegar no horário.

O professor contou ainda que, quando foi afastado e remanejado, perguntou o motivo e lhe disseram que a secretaria recebeu uma denúncia de que José teria organizado uma assembleia estudantil, o que, segundo ele, não é verdade. José trabalha para o Município desde maio deste ano e entrou em sala de aula em agosto.

Posicionamento

Antônio já disse que a categoria, com apoio de pais e estudantes, está buscando meios de denunciar a medida ao Ministério Público para cobrar um posicionamento. “Esperamos que o MP possa intervir com um termo de ajuste de conduta e estamos nos movimentando nesse sentido”, disse.

O Jornal Opção entrou em contato com a SME que esclareceu que há “uma pactuação entre as redes e que a transferência dos alunos está sendo feita de forma gradativa para o nono, oitavo e sétimo anos respectivamente. Em alguns casos as próprias escolas se encarregam das transferências que são feitas para unidades próximas. A rede estadual também esclarece que sempre atende toda a demanda existente e que as matrículas para novos alunos estão abertas até o dia 30 de novembro”.

A matrícula na rede estadual ocorre pelo site www.matricula.go.gov.br

De acordo com o órgão, a matrícula informatizada tem o objetivo de eliminar filas nas escolas, democratizar o acesso e garantir o aproveitamento total da capacidade física das Unidades Escolares.