Investigadores analisam inconsistências em caso Belynskyj e Priscila de Bairros
22 maio 2020 às 14h23
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Versão de delegado Paulo Belynskyj é que namorada tenha atirado contra ele e depois cometido suicídio ao ver mensagens no celular dele. Entretanto, perícia analisa contradições entre versão feita por ele e cena do crime
Investigadores analisam hipótese de feminicídio no caso do delegado baleado Paulo Bilynskyj e a morte da modelo Priscila de Bairros, na última quarta-feira, 20. Embora investigações preliminares tenha apontado para tentativa de homicídio seguida de suicídio, é possível que a cena do crime tenha sofrido alterações, falta de exame residuográfico e perícia nas armas apreendidas.
Belynskyj contou que sua namorada atirou seis vezes contra ele após ver mensagens no celular dele. Ela teria dado um tiro na própria cabeça logo após. As versões são apuradas pela Corregedoria da Polícia Civil. O delegado, baleado no dedo, perna e abdômen passou por três cirurgias, até o momento. Em boletim médico desta sexta-feira, 22, ele estaria entubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Já Priscila foi encontrada no banheiro do apartamento ainda com vida e socorrida. No entanto, não resistiu aos ferimentos e morreu em um hospital próximo do local.
Inconsistências
O boletim de ocorrência cita armas apreendidas pela polícia no apartamento, são elas: duas pistolas, dois fuzis, uma metralhadora e uma espingarda (com registro vencido em abril de 2019, em nome de Helenice Vaz de Azevedo Corbucci). Ainda, a PM que atendeu à ocorrência encontrou oito estojos de munição e uma Glock 9mm com carregador municiado ao lado, além de projétil amassado no corredor para a cozinha. Com isso, a polícia calcula mais de sete tiros, como o Belynskyj havia afirmado.
Uma perícia tentará identificar se houve tiroteio no local, feminicídio ou homicídio seguido de suicídio. Uma outra questão que a polícia ainda tenta esclarecer é que marcas de sangue foram encontradas no espelo em um dos quartos, transformado em academmia. A apuração tenta identificar se o delegado se apoiou no local depois de ser baleado ou se o sangue era da namorada. Também é apurado se ele a baleou e foi ao quarto com objetivo de alterar a cena do crime.
As investigações também questionam como Priscila teria errado tantos tiros se ela já havia feito curso de tiro junto com o delegado e gostava de armas. Ela treinava regularmente e os investigadores não acreditam que ela tenha errado tantos tiros a uma curta distância. Também o fato do tiro que matou Priscila ter sido no peito, região lateral do corpo. Um lugar incomum para uma pessoa tentar se matar. Pólvora foi encontrada nas mãos de Priscila, mas o delegado não deve a mão examinada, já foi socorrido com urgência para o hospital.
Belynskyj, além de delegado, é professor em uma escola preparatória para concursos públicos em São Paulo. Ele ensina Medicina Legal e, de acordo com peritos, ele tem formação técnica para alterar a cena do crime. No entanto, o inquérito precisa ser finalizado para compreender a dinâmica do ocorrido.