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O streamer francês Raphaël Graven, conhecido como Jean Pormanove ou JP, morreu aos 46 anos durante uma transmissão ao vivo na plataforma Kick, na madrugada de segunda-feira, 18. Ele era conhecido por se filmar sendo submetido a violência e humilhações por seus dois parceiros de conteúdo, conhecidos como Narutovie e Safine, e já acumulava 582 mil inscritos no TikTok.

O vídeo em que ele morre foi uma transmissão de 289 horas no total, mais de 12 dias. Ele estava com Owen Cenazandotti, de 26 anos, vulgo Narutovie, Safine Hamadi, de 23, vulgo Safine, além de Coudoux – que também estava sendo humilhado. Eventualmente, enquanto ele estava sob um edredom em uma cama, ele para de responder aos chamados dos parceiros. “JP?”, pergunta um dos participantes e ao perceber que ele responde, desliga a câmera.

O Ministério Público (MP) de Nice abriu uma investigação para apurar a causa da morte. No X, a Ministra Delegada para Assuntos Digitais, Clara Chappaz, disse que ele foi humilhado e abusado por meses e descreveu as cenas da morte como “absolutamente horripilantes”. Para o MP, possivelmente houve “violência coletiva intencional contra pessoas vulneráveis” e a divulgação desse vídeo é crime de “ofensa intencional à integridade pessoal”.

Desde o ano passado, a atividade de Narutovie e Safine e da própria plataforma Kick é investigada, que chegaram a ser interrogados em janeiro. Em dezembro de 2024, o site francês Médiapart publicou um artigo denunciando o que eles faziam. Os streamers são acusados de incitação pública ao ódio e à violência por meio digital, violência deliberada em reunião contra pessoas vulneráveis e gravação e divulgação de imagens relacionadas à prática de crimes. 

A situação também gerou debates sobre a falta de fiscalização do conteúdo publicado nas redes sociais, muitas vezes criminoso. O Kick, plataforma que transmitiu a morte, é um site de vídeos que funciona desde 2022. Chappaz alertou que “a responsabilidade da plataforma pela disseminação de conteúdo ilegal não é uma opção. É a lei. Falhas desse tipo podem levar ao pior e não têm lugar na França, na Europa ou em qualquer outro lugar”.

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