Indiciamento de Bolsonaro mobiliza deputados goianos contra projeto de anistia a golpistas
22 novembro 2024 às 19h04
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O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após revelação dos planos de assassinato de autoridades brasileiras gerou intensas reações entre parlamentares goianos. O relatório final do inquérito, que apura a tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder mesmo após sua derrota nas eleições de 2022, foi concluído nesta quinta-feira, 21, e enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). A procuradoria-Geral da República (PGR) decidirá se apresenta denúncia contra o ex-presidente e outros investigados.
Com mais de 800 páginas, o relatório traz evidências que colocam em xeque a integridade das instituições democráticas brasileiras, em especial a comandantes das Forças Armadas. A revelação de um suposto plano de golpe, incluindo a intenção de assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, abalou a política brasileira e a opinião internacional.
Reações no Congresso Nacional
Deputados federais goianos avaliaram o impacto do indiciamento e rejeitaram a possibilidade de qualquer tipo de anistia aos envolvidos. Para a deputada Adriana Accorsi (PT), o indiciamento é fundamental para a preservação do Estado Democrático de Direito. “A revelação destes crimes tão graves e o indiciamento do ex-presidente e demais envolvidos é muito importante para que a Justiça seja feita e, principalmente, para que se evite crimes contra a democracia. A democracia é nosso bem maior e devemos defendê-la a todo custo”, declarou a parlamentar.
Adriana também criticou o projeto que visa conceder anistia aos acusados de participar dos atentados do 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. “acredito que este projeto de anistia não será aprovado e vamos combatê-lo. Avalio que a anistia seria um grave ataque ao ordenamento brasileiro, primeiro por se tratar de crimes graves que atentam contra o Estado Democrático de Direito e contra a própria Constituição, mas também por envolver atos de extrema violência e desprezo pela vida humana”, afirmou. Segundo a deputada, o PT já protocolou um pedido formal para o arquivamento da proposta.
O deputado José Nelto (UB) também condenou a gravidade das ações descritas no relatório. Ele destacou o impacto do plano revelado no inquérito, que incluía um suposto atentado contra lideranças do país. “O golpe, todo mundo sabia, mas um golpe para matar o presidente da República, o vice-presidente e um ministro deixou o país e a opinião pública internacional em choque”, disse Nelto.
Para ele, a revelação expõe a necessidade de reformar setores estratégicos das forças armadas. Isso significa que os golpistas e anticonstitucionalistas das forças armadas brasileiras precisam ser expurgados para que nunca mais um ato desse aconteça no Brasil”, declarou.
Nelto também se posicionou contra o projeto de anistia, avaliando que ele já perdeu força no Congresso diante das novas informações. “Diante desses fatos, o projeto de anistia está natimorto. Primeiro passo é arquivar. Não há clima para discutir anistia num momento desse. Vai anistiar criminosos? Golpistas? Está claro para todo mundo: é o plano mais perverso da história do Brasil”, argumentou.
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