Hospital em Aparecida se antecipa ao futuro e cria modelo de cuidado para a geração 60+
11 novembro 2025 às 09h45

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O envelhecimento populacional, tema da redação do Enem deste ano, não é apenas um desafio social, é também uma questão urgente para o sistema de saúde. Em Aparecida de Goiânia, o Hospital Municipal de Aparecida – Iris Rezende Machado (HMAP) já se antecipou a esse cenário com estratégias e protocolos voltados ao cuidado integral da pessoa idosa.
A unidade implementa práticas que vão desde o atendimento humanizado até a criação de fluxos exclusivos para pacientes idosos, priorizando segurança, conforto e continuidade do cuidado. O hospital também investe na capacitação das equipes e no acompanhamento de doenças crônicas, condições cada vez mais prevalentes com o avanço da idade.
De acordo com a geriatra do HMAP, Bárbara Norberto, Goiás assim como o restante do país, vive um envelhecimento populacional acelerado. “No hospital, percebemos um aumento expressivo na demanda por atendimentos de idosos, especialmente, com doenças crônicas e situações que exigem acompanhamento contínuo. Esse novo perfil demanda uma mudança de olhar: não basta tratar a doença aguda, é preciso cuidar da pessoa de forma integral (da parte física, cognitiva e social), para promover qualidade de vida mesmo dentro do ambiente hospitalar”, explica.

A médica explica ainda que o sistema de saúde foi desenhado para atender casos agudos. Só que o idoso traz questões complexas, que exigem continuidade de cuidado, integração entre níveis de atenção e equipes capacitadas. “Além disso, há a necessidade de capacitar profissionais para reconhecer síndromes geriátricas, como delirium, fragilidade e perda funcional e atuar de forma preventiva. Outro ponto é o suporte a família e ao cuidador, que são peças fundamentais no cuidado”, enfatiza.
Principais doenças
As doenças mais frequentes são as cardiovasculares: hipertensão e insuficiência cardíaca. Além de diabetes, doenças pulmonares crônicas e as condições neurodegenerativas (demência e sequelas de AVC). Também há grandes índices de internações no HMAP de casos de fragilidade e desnutrição.
“O nosso papel é não apenas tratar essas doenças, mas identificar fatores que podem ser modificados e planejar uma alta segura, integrando o idoso novamente à comunidade com o máximo de autonomia possível”, afirma a geriatra Bárbara Norberto.

A médica disse ainda que grande parcela dos leitos hospitalares é ocupada por pessoas idosas. Há sim, um aumento no número de pacientes centenários internados. Isso reflete o grande avanço da medicina, da prevenção e do acesso à saúde, que permitem que mais pessoas cheguem aos 100 anos ou mais.
“Os pacientes longevos apresentam características muito específicas: maior risco de fragilidade, doenças crônicas e risco de complicações e necessidades diferenciadas de cuidado. Por isso, o hospital está se preparando com protocolos adaptados, equipe multiprofissional treinada e atenção integral — voltados não apenas às doenças, mas também à funcionalidade, nutrição, mobilidade e bem-estar do paciente”, finaliza.
Cuidados com a alimentação
Falando em bem-estar; a fonoaudiologia HMAP no trabalha com a promoção, prevenção, avaliação e o diagnóstico desses pacientes. No hospital existe um treinamento da equipe assistencial para ter um olhar diferencial com os idosos. Com a identificação de riscos é possível fazer uma avaliação precoce e o melhor manejo do cuidado junto a essa especialidade.
O processo de envelhecimento natural do corpo reduz a capacidade motora e sensitiva de todo o nosso organismo. “Quando a gente pensa no impacto que isso vai ter para a nossa alimentação, a gente tem a disfagia – que é a dificuldade de alimentação. Para engolir, a gente passa por diversos processos, desde pensar no alimento, de ter vontade de comer e a boca salivar, que é o processo preparatório, até a fase de você conseguir manipular o alimento na boca”, detalha a fonoaudióloga, Thayla Brenda Oliveira.

Ainda de acordo com a profissional, essa perda de capacidade motora e sensitiva no processo de alimentação pode levar a uma internação. “Quando a gente consegue reabilitar um paciente. Voltar ele para a alimentação por via oral, fazer com que ele coma bem, com segurança, com a sua família, que ele consiga comer aquilo que ele tanto gosta. Às vezes ele ama feijoada e aí estava engasgando tanto que não conseguia comer mais”, explica.
A jovem Thayla Brenda Oliveira se sente satisfeita quando por meio dos seus cuidados ajuda no restabelecimento da autoestima do paciente. “É um momento de paz, felicidade. É uma dieta não só para alimentação, mas uma dieta que vai trazer conforto e prazer para o idoso. Então, isso realmente não tem preço”, finaliza emocionada.
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