COMPARTILHAR

O tempo e espaço no cronômetro dos três presidenciáveis com chance de chegar aos votos do segundo turno dentro de três semanas

Presidente Dilma Rousseff: enquanto os outros candidatos disputam segunda vaga na próxima fase, ela espera
Presidente Dilma Rousseff: enquanto os outros candidatos disputam segunda vaga na próxima fase, ela espera

As urnas do primeiro turno presidencial chegam tarde para Marina Silva (PSB/Rede), quando seu volátil patrimônio eleitoral se desmancha no ar a cada dia que passa. Ao contrário de hoje, em 2010 ela gostaria que a votação demorasse mais umas semanas para assim alcançar o tucano José Serra e ir ao segundo turno contra a eleição de Dilma Rousseff.

Desapontada, Marina se omitiu no segundo turno. Agora, em discurso de campanha, na terça-feira, 30, no Rio, confessou que ficou feliz com a eleição de uma mulher, Dilma, em 2010. Mas, hoje, lamentou. “Nunca pensei que uma mulher poderia permitir que pudessem fazer o que estão fazendo para destruir a biografia de outra mulher”, referiu-se a mentiras do PT a seu respeito.

Aécio Neves (PSDB) revive hoje o drama de Marina há quatros anos. Se ainda faltassem alguns dias ele poderia superar Marina com segurança e garantir a vaga no segundo turno contra Dilma. Corre o risco de Marina se omitir novamente, numa crise existencial. Porém, se ela chegar ao segundo turno, precisará se aliar ao PSDB para demonstrar capacidade de governabilidade.

O risco, tanto para Aécio quanto para Marina, é que um deles, o eliminado na primeira votação, cruze os braços na segunda. Seria outra marinada por parte de alguém. Sendo um ou outro, a oposição pode chegar mais fraca a um segundo turno por causa da dispersão de companheiros de partido vencidos nas urnas presidenciais – sejam eles bem sucedidos ou não na área regional.

Há ainda a possibilidade de ressentimentos internos dos dois lados. Há quatro anos, a omissão de Marina ajudou a eleição de Dilma. Mas, na verdade, nem Aécio, eleito senador depois de governar Minas, esteve muito interessado em colaborar com Serra desde o primeiro turno. Preferiu não entrar em conflito com o PT de Lula. Pelo contrário, queria viver em paz com eles.

Enfim, a hora é esta para a reeleição da presidente Dilma, que já exibiu posições mais confortáveis nas pesquisas eleitorais antes das manifestações de rua de junho do ano passado. Despen­cou, desde então, mas, ao longo de meses, a presidente recuperou gradativamente o território que ocupava na liderança eleitoral.

Agora, se houver segundo turno com mais três semanas de campanha pela frente, Dilma precisará se defender antes que a reeleição naufrague na praia diante de novos escândalos de corrupção, mais os custos da crise econômica. Os rivais, Marina ou Aécio, esperariam as sobras de votos fundados num sentimento pela alternância de poder em nova votação no dia 26.

Hoje, as chances dos dois oposicionistas se alimentam na má sorte de um e do outro. Buscam votos no caixa do concorrente direto, pois não dependem apenas do patrimônio natural de cada um. Vivem a angústia do voto útil. Há duas semanas, aecistas não esperaram pelo segundo turno e migraram logo rumo à Marina para queimar etapa contra o PT. Agora a onda pode reverter.

Aécio e Marina também po­dem se alimentar, juntos, nas ba­nhas de Dilma. Há o princípio e­leitoral, confirmado em pesquisas, de que o candidato favorito costuma ser vítima da abstenção de seus eleitores. Não seria necessário que um naco da clientela social do governo cruzasse os braços hoje, mas alguns petistas faltosos, porque consideram Dilma reeleita, podem garantir o segundo turno.