Os conflitos entre Israel e Palestina são uma das questões mais complexas e duradouras do Oriente Médio e do mundo. Eles envolvem disputas territoriais, religiosas, políticas, históricas e humanitárias, que remontam a mais de um século.

A origem dos conflitos pode ser traçada até o final do século XIX, quando surgiu o movimento sionista, que defendia a criação de um Estado judeu na Palestina, considerada a Terra Prometida pelos judeus. Na época, a região estava sob o domínio do Império Otomano, que se desintegrou após a Primeira Guerra Mundial. A Palestina passou então a ser administrada pela Grã-Bretanha, que prometeu apoiar tanto os interesses dos judeus quanto dos árabes que já habitavam o território.

Após a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto, que vitimou milhões de judeus na Europa, aumentou a pressão internacional pela criação de um Estado judeu. Em 1947, a ONU (Organização das Nações Unidas) propôs um plano de partilha da Palestina em dois Estados: um judeu e um árabe. Os líderes judeus aceitaram o plano, mas os árabes o rejeitaram, pois consideravam injusta a divisão de um território que era majoritariamente habitado por eles.

Criação do Estado de Israel

Em 14 de maio de 1948, os judeus declararam unilateralmente a fundação do Estado de Israel, com o apoio dos Estados Unidos e da União Soviética. No dia seguinte, os países árabes vizinhos (Egito, Síria, Jordânia, Iraque e Líbano) invadiram Israel, dando início à primeira guerra árabe-israelense. O conflito durou até 1949 e terminou com a vitória de Israel, que ampliou seu território em relação ao plano da ONU. Cerca de 750 mil palestinos foram expulsos ou fugiram de suas casas e se tornaram refugiados em países vizinhos ou nas áreas sob controle árabe: a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.

Desde então, vários outros conflitos ocorreram entre Israel e os países árabes ou entre Israel e os grupos palestinos. Alguns dos mais importantes foram: a Guerra de Suez (1956), a Guerra dos Seis Dias (1967), a Guerra do Yom Kippur (1973), a Guerra do Líbano (1982), as duas Intifadas (1987-1993 e 2000-2005), a Guerra do Golfo (1991), a Segunda Guerra do Líbano (2006) e as diversas operações militares na Faixa de Gaza (2008-2009, 2012 e 2014). Esses conflitos resultaram em milhares de mortos e feridos, além de graves violações dos direitos humanos de ambos os lados.

Ao longo das décadas, foram feitas várias tentativas de negociação de paz entre Israel e Palestina, com a mediação de outros países ou organizações internacionais. Algumas delas resultaram em acordos importantes, como os Acordos de Camp David (1978), que levaram à paz entre Israel e Egito; os Acordos de Oslo (1993), que reconheceram mutuamente Israel e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina); e os Acordos de Abraham (2020), que normalizaram as relações entre Israel e alguns países árabes (Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão). No entanto, nenhum desses acordos resolveu definitivamente o conflito entre Israel e Palestina.

Hamas

O Hamas, uma abreviação de Harakat al-Muqawamah al-Islamiyya, é uma organização política e militar palestina que surgiu em 1987 durante a Primeira Intifada. Fundada com base na resistência à ocupação israelense, o Hamas tem uma ideologia islâmica e inicialmente concentrou-se em atividades sociais e caritativas para ganhar apoio popular. Ao longo dos anos, tornou-se um ator político significativo, ganhando as eleições parlamentares de 2006.

No entanto, as relações tensas com a Fatah resultaram em conflitos internos e na tomada da Faixa de Gaza pelo Hamas em 2007. Designado como grupo terrorista por vários países, o Hamas defende a criação de um estado palestino islâmico e continua a desempenhar um papel central no conflito israelo-palestino, utilizando táticas militares e ações de resistência.

Fatah

A Fatah, ou Movimento de Libertação Nacional da Palestina, foi fundada em 1959 por Yasser Arafat e outros líderes palestinos, tornando-se uma força política proeminente. Inicialmente, a Fatah buscava uma solução negociada para o conflito israelo-palestino e, ao longo dos anos, evoluiu para se tornar a principal facção da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Participou de negociações de paz, resultando nos Acordos de Oslo em 1993.

No entanto, as tensões com o Hamas e desafios políticos internos enfraqueceram sua posição. A Fatah agora lidera a Autoridade Palestina na Cisjordânia, mas suas aspirações pela independência e a resolução do conflito continuam a enfrentar obstáculos significativos, especialmente diante das divergências internas e da falta de avanço nas negociações de paz.

Hezbollah

O Hezbollah, ou Partido de Deus, é uma organização xiita libanesa formada em 1982 em resposta à invasão israelense do Líbano. Inicialmente uma milícia resistente, o Hezbollah evoluiu para uma força política significativa no Líbano, com representação no parlamento e participação no governo. Com o apoio do Irã, o grupo ganhou destaque por sua resistência armada contra Israel e, mais tarde, por seu envolvimento em conflitos regionais, como na Síria e no Iêmen.

Designado como grupo terrorista por alguns países ocidentais, o Hezbollah mantém uma aliança estratégica com o Irã e a Síria, defendendo os interesses do bloco xiita na região. Suas atividades militares, políticas e sociais desempenham um papel central na complexa dinâmica do Oriente Médio.

Jihad Islâmica

A Jihad Islâmica Palestina é um grupo militante islâmico palestino que se originou nos anos 1980, inicialmente como uma dissidência do grupo Fatah. Com uma ideologia islâmica radical, a Jihad Islâmica se opõe às negociações de paz com Israel e defende a resistência armada como meio de alcançar os objetivos palestinos. Embora seja menor em comparação com o Hamas, o grupo mantém uma presença significativa na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Seus métodos incluem ataques com foguetes contra Israel e operações suicidas. Considerado como organização terrorista por vários países, a Jihad Islâmica Palestina tem contribuído para a complexidade do conflito israelo-palestino e a instabilidade na região.

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