Guardas municipais agridem paciente com dor renal em UPA de Goiânia. Veja vídeo
28 março 2018 às 20h26

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Jornal Opção flagra momento em que Ana Paula Mendes dos Santos é detida por integrantes da GCM, ação registrada em fotos pela reportagem

Uma paciente foi agredida por guardas civis metropolitanos (GCM) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Itaipu, no Residencial Itaipu, em Goiânia. O ato violento aconteceu na tarde desta quarta-feira (28/3) quando a mulher questionou a demora no atendimento. Com dores renais e suspeita de pedra nos rins, Ana Paula Mendes dos Santos, de 25 anos, teve o braço torcido e o rosto pressionado ao chão. O Jornal Opção flagrou o momento em que a moça, aos gritos de dor, foi colocada primeiro no banco detrás da viatura e, depois, no porta-malas.
A reportagem chegou minutos depois de a jovem ter sido levada para um corredor próximo à sala onde estava o corpo de um paciente. Desesperada e algemada, Ana Paula avisa aos guardas que sente muita dor. “Tá doendo, tá doendo”, reclamava.
No vídeo da prisão arbitrária, outros pacientes tentam ajudá-la. “É um absurdo isso, é um absurdo”, repetia a sobrinha Maria Angélica. “É uma falta de vergonha na cara. Solta ela, ela está com cólica de rins.”
Maria Angélica descreveu que a tia foi levada à força para os fundos da unidade. “Ana Paula estava sentada no chão, com dores. Prenderam a cabeça dela no chão. Pedimos para soltarem, mas os guardas tiraram a gente de perto”, contou.
Sem atendimento
Na unidade, pacientes e acompanhantes indignados contaram que aguardavam desde cedo por um médico. Logo após a agressão, Maria Lúcia Fidelis de Souza, de 55 anos, que acompanhava a mãe, Aldizina Souza, de 83 anos, decidiu procurar outra unidade. “Esperamos muito e nada. Minha mãe está passando mal há três dias. Não sabemos o que fazer”, revelou Maria.
A idosa chegou à unidade às 10 horas da manhã, conforme verificou a reportagem na ficha da paciente. Sem atendimento, Aldizina saiu da unidade às 16h45. A direção da UPA Itaipu informou que contava com três médicos: um cirurgião, clínico geral e um pediatra. Sem saber explicar o motivo de a idosa ter ido embora, a diretora concluiu: “Ela foi porque quis”.
Detida
Já na Central de Flagrantes, para onde foi levada, Ana Paula continuou a reclamar de dores. “Os policiais me deram medicamentos, mas ainda dói muito. Preciso de um médico, moço”, disse. De acordo com um policial civil, a paciente foi detida por desacato a autoridade e desobediência.
Liberada sem pagar fiança, Ana Paula disse que irá no final da noite ao Cais Nova Era, em Aparecida de Goiânia. “Ainda dói muito a barriga. Estou muito machucada por causa das agressões. Por isso decidi procurar um médico depois da delegacia.” A jovem não prestou queixa contra os guardas municipais.
Até o início da noite desta quarta-feira, a prefeitura não respondeu à reportagem. Veja abaixo sequência de fotos do momento em que a paciente é retirada do banco da viatura e colocada no porta-malas do veículo da GCM: