Governo admite possibilidade de votação da anistia, mas inicia contagem de votos para tentar barrar projeto

12 setembro 2025 às 18h51

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O governo federal já trabalha com a possibilidade de que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ceda à pressão da oposição e coloque em pauta o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A avaliação no Planalto é de que, caso a proposta seja votada, será necessário mobilizar a base para tentar derrotá-la em plenário.
A movimentação ocorre em meio ao temor de que o avanço da anistia atrapalhe o andamento de outras matérias consideradas prioritárias pelo governo, como a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. Diante desse cenário, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, tem alertado que parlamentares da base que votarem a favor da anistia poderão ser expulsos. O vice-líder da legenda, Rogério Correia, reforçou que o Planalto tenta convencer Motta a não pautar o texto, classificado como “inconstitucional”.
“O correto é que Hugo Motta nem coloque isso em votação. Estamos solicitando isso. Agora, caso coloque, esperamos que a maioria dos deputados não faça esse enfrentamento institucional para agradar à extrema-direita”, afirmou Correia.
Do outro lado, a pressão aumenta. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse em entrevista ao Jornal da CBN que a bancada bolsonarista pode recorrer à obstrução caso o tema não avance. Segundo ele, o partido quer resolver a questão na Câmara para que a “grande batalha” ocorra no Senado. “Esperamos não ter que partir para obstrução, que é a nossa maneira legal de exercer o nosso direito quando o presidente não quer”, declarou.
O clima de incerteza é reforçado pelo desempenho recente do governo em votações. A derrota na CPMI do INSS, após articulação do PL para emplacar nomes na presidência e na relatoria, é lembrada como um sinal de fragilidade. Nos discursos, a oposição tem dito contar com mais de 300 votos favoráveis à anistia, número suficiente para aprovar o texto.
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