Goiás foi terceiro estado do país que mais registrou internações por queimaduras de crianças entre 1 a 4 anos, com 369 registros. Os dados são referentes a janeiro e setembro de 2025 e foram divulgados pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Em todo o Brasil, foram 3.613 crianças feridas.

Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, sete em cada 10 acidentes acontecem dentro de casa. A faixa etária de 1 a 4 anos é a mais atingida – reflexo de uma combinação que inclui curiosidade intensa, rapidez nos movimentos e pouca noção de perigo. Com a chegada do período de férias, a preocupação deve ser redobrada.

A pediatra e membro da ONA, Mariana Grigoletto, em entrevista para o Jornal Opção, explicou que a supervisão direta das crianças é uma medida bastante efetiva para que os acidentes não aconteçam. “Medidas como colocar as panelas nas bocas de trás do fogão, não cozinhar com a criança no colo. Evitar a presença da criança na cozinha. Além disso, aquelas grades que protegem o fogão, o forno, para que as crianças não tenham acesso são muito úteis. Evitar toalhas compridas, porque as crianças puxam e o líquido vem por cima delas”, complementa.

Dra. Mariana Grigoletto, pediatra e membro da ONA | Foto: Arquivo Pessoal

Tomadas, fios e sol forte completam os riscos

Choques elétricos também aparecem entre os acidentes mais comuns na infância. Tomadas sem proteção, fios desencapados e extensões improvisadas, muitas vezes, passam despercebidos no ambiente doméstico.

“Em relação aos acidentes elétricos, manter as tomadas todas cobertas, evitar fios, extensões soltas pela casa”, são as orientações da pediatra. “Em relação aos acidentes com queimaduras elétricas, a primeira medida é desligar a energia, remover roupas soltas e levar ao serviço de emergência”, orienta.

No verão, o sol se torna outro vilão. Vermelhidão, dor e calor local são sinais de queimadura solar, mais frequentes entre 10h e 16h, período de maior radiação. 

O que fazer quando a queimadura acontece? 

“Jamais use gelo, clara de ovo, manteiga, pasta de dente, pomadas, óleo de cozinha ou qualquer outra receita caseira sobre a área queimada. Esses produtos agravam a lesão e aumentam o risco de infecção”, alerta a pediatra.  

A primeira medida recomendada é resfriar a área com água corrente fria, nunca gelada — por 10 a 20 minutos. Antes do inchaço, remova anéis, pulseiras e acessórios. “Roupas grudadas na pele não devem ser retiradas, pois podem arrancar tecido vivo; se necessário, corte apenas o que estiver solto. Se houver bolhas, não estoure”, recomenda Mariana Grigoletto.

É importante procurar atendimento de urgência se houver:

  • Bolhas
  • Febre, dor intensa ou pus
  • Aumento de vermelhidão
  • Queimaduras em rosto, mãos, pés e genitais
  • Náuseas, sonolência ou desmaio. 

Leia também:

Projetos sociais apostam em contraturno, esporte e tecnologia para afastar crianças da violência