Responsável por movimentar bilhões anualmente em Goiás, o setor de bares e restaurantes viu o número de estabelecimentos aumentar em mais de 4,4 mil nos últimos dois anos. Conforme levantamento da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg), apenas entre janeiro e outubro de 2023, o estado contabilizou 2.029 novas empresas do segmento. Uma média de seis novos bares e restaurantes por dia. 

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Considerado um dos segmentos mais impactados pela pandemia do Covid-19, o aumento é um reflexo da recuperação vivida pelo setor alimentício e de bebidas. O cenário, por outro lado, ainda está longe do ideal, conforme o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Goiás (Abrasel), Danillo Ramos. 

Apesar do forte faturamento do setor, os donos de bares e restaurantes ainda sofrem com as sequelas da pandemia, que provocaram dificuldades financeiras. Danillo explica que 63% dos estabelecimentos de alimentação fora do lar não obtiveram lucro em setembro deste ano, sendo que 20% operam em prejuízo.

“Esse número ainda é alto e nos preocupa bastante. Na pandemia fechou muitas empresas, mas isso deu espaço para que outras fossem abertas. Isso também mostra a questão da modernização e eficiência do setor. A consequência desses fatos é a geração de empregos e novos negócios, principalmente os pequenos”, explicou. 

Capital com maior oferta 

Ainda de acordo com a Abrasel, Goiânia é a capital com maior oferta de bares da Região Centro-Oeste e a sétima no país. Com população de 1,437 milhão de habitantes (Censo 2022), a maior cidade do estado tem registrados 1.453 bares, o que corresponde a uma proporção de 101 bares por 100 mil habitantes. 

A expansão do segmento, no entanto, também se estende à Região Metropolitana. O instrumentador cirúrgico, Edson Junior, por exemplo, foi um dos que decidiram se aventurar no setor alimentício entre 2022 e 2023. Proprietário de um restaurante em Aparecida de Goiânia, ele diz que investiu cerca de R$ 50 mil no negócio, que começou em março do ano passado. 

“Queria investir em alguma coisa e apareceu essa oportunidade. Nunca passou pela minha cabeça ter um restaurante, foi uma coisa que apareceu. No início foi difícil, tinha apenas minha sogra que entendia de cozinha, mas eu e a minha esposa nunca tínhamos trabalhado com isso. Foi diferente de tudo que a gente estava acostumado”, explicou. 

Aos trancos e barrancos, o empresário foi se adequando à dupla jornada de empresário alimentício e instrumentador cirúrgico. Hoje, o restaurante vende diariamente cerca de 40 marmitex que variam de R$ 13 a R$ 16. O estabelecimento, que comercializa comida caseira, também oferece o famoso Prato Feito (PF), por R$ 15, além da opção de comer à vontade (R$ 25) e no peso (R$ 39,99 o quilo). 

Edson afirma que um ano e meio depois de abrir o restaurante, já conseguiu recuperar o dinheiro investido e está colhendo frutos do trabalho realizado no local com a família. Com o negócio dando lucro, ele pensa em mudar o ponto para um lugar mais bem localizado e expandir a empresa.

“Este ano aumentou a venda de marmitas e também percebemos um aumento no número de pessoas que vêm ao restaurante de forma presencial. Quando abrimos, a principal fonte de renda era a marmitex e a movimentação de pessoas presencialmente era pequena. A gente começa cedo, às 7h, para que a comida esteja pronta às 11h. Paremos de servir o almoço às 14h e fechamos às 15h depois de deixar tudo limpo”, concluiu.