Goiás registra 1,2 mil casos de sífilis em gestantes neste ano

24 novembro 2023 às 17h15

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A Secretaria da Saúde de Goiás (SES-GO) revelou que o estado registrou 1.236 casos de sífilis em gestantes em 2021. Nos últimos cinco anos, foram 10.485 grávidas com a doença.
Quanto aos casos de sífilis congênita, foram registrados 2.270 nos últimos cinco anos, somando 310 casos apenas neste ano. O aumento pode estar associado à pandemia de Covid-19, já que muitas pessoas evitaram procurar atendimento médico, dificultando o diagnóstico.
“A sífilis é uma doença infecciosa provocada pela bactéria Treponema pallidum. É principalmente transmitida por via sexual em gestantes e representa um risco sério durante a gestação, resultando em complicações significativas ao feto. O acompanhamento pré-natal desempenha um papel fundamental na identificação precoce da sífilis, possibilitando o início imediato do tratamento”, ressalta o médico Fernando Oliveira Mateus, infectologista pediátrico do Hospital de Doenças Tropicais (HDT).
De acordo com o especialista, a área da saúde dispõe de dois exames essenciais para diagnosticar a sífilis: o teste treponêmico e o teste não treponêmico. O teste rápido está disponível em todas as unidades básicas de saúde (UBS), com resultados em 30 minutos.
“É crucial compreender a janela imunológica da doença, na qual o resultado pode inicialmente ser negativo após o contato com a bactéria. Portanto, repetir o exame é recomendado para excluir a possibilidade de um falso negativo, especialmente se realizado logo após a exposição”, enfatiza o especialista.
O tratamento padrão é realizado com penicilina benzatina, cuja dosagem e duração variam conforme o estágio da doença. A adesão ao regime de doses recomendadas no tempo correto é crucial para o sucesso do tratamento, conforme destacado pelo pediatra.
“Soma-se a isso a importância crucial de tratar o parceiro sexual para prevenir a reinfecção da mãe. A sífilis é uma condição tratável, mas também pode ser reinfectada se o parceiro não receber tratamento adequado”, pontua.
Sífilis congênita
A sífilis congênita, resultante da transmissão da infecção do feto via placenta, pode causar complicações graves, afetando o sistema nervoso central, ossos, pele e olhos da criança.
“Toda criança exposta à sífilis materna requer uma avaliação pediátrica detalhada para determinar a melhor abordagem. Isso envolve a seleção cuidadosa de exames e a decisão sobre a necessidade de tratamento”, afirma o médico.
No Hospital Estadual da Mulher Dr. Jurandir do Nascimento (Hemu), foram registrados 8 casos de sífilis em gestantes e 7 casos congênitos em outubro de 2023. Entre 1º e 06 de novembro, ocorreram 6 notificações de sífilis na unidade, sendo 3 em gestantes e 3 congênitas.
Um caso que gerou especial preocupação foi o de S.G.R., uma jovem de 20 anos, residente em Caiapônia, a 335 km de Goiânia. Mesmo sob tratamento desde o diagnóstico de sífilis há três anos, ela testemunhou seu bebê nascendo com a doença, o que os levou a permanecerem internados no Hemu para tratamento.
S.G.R. compartilhou o impacto dessa experiência: “Foi uma sensação horrível. Uma preocupação muito grande. Não queria que meu filho tivesse a doença. É uma ferida que não cicatriza”.
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