Goiás deve ter quase 2 mil novos casos de câncer de mama em 2023, aponta instituto
03 agosto 2023 às 16h33
COMPARTILHAR
De acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), Goiás pode ter 1.970 mulheres com câncer de mama em 2023, o que dá um número aproximado de cinco por dia. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – regional Goiás (SBM-GO), Alexandre Marchiori, tem se observado um aumento da doença.
O especialista explica que, desde 2020, o câncer de mama tem sido o mais comum, tirando os cânceres de pele não-melanoma, que é um tipo que acomete a pele. No entanto, as causas ainda são desconhecidas.
“Existem muitas hipóteses, um estudo fala sobre mudanças de hábitos, mulheres tendo menos filhos, mudanças do comportamento de puberdade, tendo menstruação mais cedo, uso de hormônio como anticoncepcional. São muitas hipóteses, mas não temos a exata resposta. A gente ainda procura”, explica.
Embora muitas vezes fiquem excluídas das recomendações de acompanhamento anual, mulheres com menos de 40 anos também estão sujeitas ao acometimento de câncer de mama. Foi o caso, por exemplo, da corretora de imóveis, Suzely Meyre de Oliveira. Ela conta que descobriu a doença em abril de 2019, aos 37 anos, quando havia acabado de ter a segunda filha.
“Primeira vez que senti o nódulo, liguei para a ginecologista que me acompanhava e contei. Mas, como eu tinha tido duas gravidez em sequência, ela me disse que meus exames estavam normais, que câncer não dava da noite do dia e para eu ficar tranquila que era nódulo de leite. Isso foi em fevereiro, então esperei, veio março, abril e o nódulo só aumentando, até que no ultrassom já deu”, relembra.
A corretora de imóveis disse que era um câncer agressivo e raro, por conta do seu histórico e idade. Foram cerca de 30 sessões de radioterapia e 17 de quimioterapia. “Foi um período muito difícil, bem cansativo e exaustivo. Duas bebês em casa e passando por todo o processo, caiu cabelo, enjoos, dores. Mas, costumo dizer que não tive tempo para sentir a doença, porque ter duas crianças em casa, que não sabiam o que estava acontecendo, me consumia o tempo inteiro”, revela.
No entanto, Suzely afirma aliviada que hoje está bem. “Não tive mais nada, o cabelo cresceu, as meninas estão bem e saudáveis, com 6 e 4 anos. Espero poder ajudar outras pessoas. Talvez se eu não tivesse insistido com o exame eu não estaria aqui hoje”, argumenta.
Mulheres com menos de 40 anos
Segundo Alexandre Marchiori, o fato de mulheres com menos de 40 anos ficarem fora do acompanhamento anual de câncer de mama se deve ao fato de baixa prevalência e incidência. O presidente justifica que os efeitos colaterais dos exames podem ser maiores do que um possível diagnóstico.
“A mamografia é o exame de entrada para identificar e, quando não é suficiente, é preciso de um complemento, um ultrassom por exemplo. Mulheres com menos de 40 anos têm mamas mais densas e isso esconde, às vezes, pequenos nódulos. E como fazemos o exame que emite radiação ionizante, pode causar mutação e não descobrir no exame. Então o melhor é não recomendar de rotina”, explica.
Por ter baixa incidência ainda, os estudos para esse grupo são escassos, mas Marchiori destaca que o Brasil saiu na frente. Ele conta que, em países como os EUA, a recomendação inicial era fazer o acompanhamento em mulheres com mais de 50 anos, mas desde 2020 passou a ser para mulheres 40+, o que já era feito no Brasil há mais tempo. “Apesar de gastar mais com exames em mulheres acima de 40, a gente salvava mais vidas”, pontua.
Descobrir o câncer de mama antes do 40, ou depois dessa faixa etária, pouco influencia na chance de cura. De acordo com o especialista, o fato de aumentar a probabilidade está no diagnóstico precoce.
Simpósio Goiano de Câncer de Mama
A segunda edição do Simpósio Goiano de Câncer de Mama em Jovens, organizado pela SBM-GO, está programada para ocorrer no próximo dia 5 de agosto. O evento foi idealizado pelo oncologista Leandro Gonçalves, integrante do corpo clínico do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH).
O objetivo central do Simpósio é abordar o câncer de mama e seus diferentes subtipos em mulheres com menos de 40 anos. Dentro deste contexto, há questões importantes relacionadas ao aumento do risco de predisposição genética ao câncer, menopausa prematura, perda de fertilidade, ganho de peso, problemas sexuais e a interrupção, muitas vezes definitiva, de projetos profissionais em mulheres mais jovens diagnosticadas com câncer de mama.
Esses fatores podem contribuir para que essas pacientes enfrentem níveis mais elevados de estresse psicológico em comparação com mulheres mais velhas na mesma situação.
O Simpósio é voltado para médicos que atuam no tratamento de câncer de mama e será realizado no dia 5 de agosto, no Castro’s Park Hotel, das 8 às 14 horas. As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas.
O evento contará com a participação de profissionais renomados, sendo um deles o Dr. Romualdo Barroso, coordenador de pesquisa translacional no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília. Ele possui pós-doutorado em oncologia clínica pelo Dana-Farber Cancer Institute, na Harvard Medical School, em Boston (EUA), e ministrará uma palestra sobre cuidados paliativos em pacientes jovens.
Leia também: