Goiânia apresenta poluição atmosférica acima da média nacional

15 julho 2024 às 12h03

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Os ministérios da Saúde e do Meio Ambiente lançaram, no dia 27 de junho, o Painel de Monitoramento da Poluição Atmosférica. O indicador faz uso da medição por modelagem de partículas menores que 2,5 micrômetros presentes no ar atmosférico. “Devido ao seu tamanho microscópico, podem penetrar no trato respiratório inferior, alcançar os alvéolos pulmonares, entrar na corrente sanguínea e causar uma série de impactos na saúde”, explicam. Em Goiânia, a média de poluição atmosférica em 2023 foi de 10,18, enquanto a média em Goiás foi de 8,27 e a nacional de 9,9.
Em entrevista ao Jornal Opção, o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, explica que vários fatores contribuem para esse cenário. Indústrias, grandes centros urbanos, clima seco e queimadas são alguns dos fatores que levam à piora da qualidade do ar. “O que mais prejudica, que nós temos observado nos últimos anos, são as queimadas”, explicou.
Somam-se às atividades humanas danosas à qualidade atmosférica (mais comuns nos grandes centros urbanos), a prática recorrente de queimadas, que se intensifica nas épocas de seca. “O ar, neste período do ano, ele tem uma piora realmente, é normal para o período. “Para melhorar isso, só quando chover”, afirmou. Nesse sentido, André recomenda, além de políticas públicas voltadas para garantir a qualidade do ar, a conscientização por parte da população sobre os riscos das queimadas.
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Pensando na situação mais alarmante na região metropolitana de Goiânia, os fatores clima e queimada se somam às construções, grande volumes de veículos e atividade industrial mais intensa próximas aos grandes centros urbanos.
O Painel mostra ainda que a região Centro-Oeste estava acima do limite recomendado para preservação da saúde humana (abaixo de 10) desde 2019, ficando abaixo da média pela primeira vez desde então em 2023. De 2014 a 2017, o ar atmosférico na região também esteve acima do limite recomendado, e no ano de 2010 ultrapassou a marca dos 15 pontos, sendo considerada altamente danosa para a saúde.
No Centro-Oeste, todos os 10 municípios com pior qualidade do ar estão no estado do Mato Grosso. André Amorim associa a ocorrência ao número de queimadas na região. O Painel mostra que, em 2023, 467 municípios estiveram acima do valor de referência posto como ideal. O levantamento traz ainda a expectativa de mortes causadas por poluição atmosférica: em Goiânia, entre 2019 e 2021, estima-se que 1.653 pessoas tenham morrido de doenças ligadas à poluição atmosférica.
Para acompanhar os dados disponibilizados pelo Painel de Monitoramento da Poluição Atmosférica, é só clicar aqui.
A medição
Quando questionado sobre o mecanismo usado para medir a qualidade do ar atmosférico, André afirma: “nas partículas menores, como a de 2,5 micrômetros, é entendido tanto pelo Ministério da Saúde, quanto pela Organização Mundial de Saúde, e pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que elas são mais danosas na questão de provocar doenças pulmonares e cardíacas”.
Nesse sentido, o especialista afirma ainda que o método de medição usado pelo Ministério é o de modelagem, entretanto, existem outras maneiras de investigar a qualidade do ar. A Secretaria Municipal de Administração, através do Cimehgo, busca adotar a medição física. Até o momento, existem duas estações no estado com esse objetivo (Catalão e Goiânia). A ideia é diversificar a fonte de informações sobre o tema a fim de conseguir identificar com maior precisão a qualidade do ar atmosférico.
No levantamento dos ministérios, alguns pontos são destacados. Primeiramente, os meses de julho e novembro possuem alta recorrente. André confirma que a questão sazonal ligada à umidade do ar é fator que influencia no aumento. Outro ponto destacado é o maior dano para saúde de pessoas com menos de cinco anos e mais de 65, devido à resposta imunológica de cada organismo às impurezas do ar.

Após a pandemia de Covid-19, os indicadores de doenças cardio-pulmonares pioraram, afirma o especialista ao destacar o maior cuidado necessário com a qualidade do ar. “Cuidar do ar é como cuidar da água, é obrigação de todos”, finalizou André.