Apesar de avanços pontuais, Goiânia continua sendo uma cidade hostil para pessoas com deficiência, afirma parlamentar. Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o vereador Willian Veloso (PL), que é cadeirante, aponta, nesta segunda-feira, 27, os entraves que impedem a mobilidade segura e digna de milhares de cidadãos goianienses.

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Vereador Willian Veloso | Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Goiânia é uma planície, o que deveria facilitar a construção de calçadas uniformes e acessíveis. Mas a realidade é outra. “As calçadas são um caos. Buracos, lixo, árvores plantadas em locais errados, postes mal posicionados. Tudo isso impede o cadeirante de circular com segurança”, denuncia Veloso.

Ele aponta que a própria prefeitura e concessionárias de energia contribuem para o problema ao instalar postes em locais inadequados. “A falta de empatia é gritante. As pessoas não se colocam no lugar do outro. E isso se reflete na forma como tratam o espaço público”, afirma.

O vereador relata que, mesmo com sinalização clara, as vagas destinadas a pessoas com deficiência são constantemente ocupadas por quem não tem direito. “A pessoa estaciona em cima da faixa zebrada, que é justamente o espaço para abrir a porta e retirar a cadeira de rodas. Isso obriga o cadeirante a se expor ao risco no asfalto”, aponta.

Sinalização clara | Foto: Reprodução

A situação é ainda mais grave em locais públicos. “Na Câmara Municipal, mesmo após reforma, não há vaga externa para cadeirantes. E dentro, ainda não fizeram as adaptações. No Ministério Público, servidores estacionam nas vagas especiais desde cedo e só saem à tarde, impedindo o uso por quem realmente precisa”, denuncia.

Segundo Velozo, a ausência de fiscalização contribui para a perpetuação do problema. “Não há guardas de trânsito em shoppings ou centros comerciais. A multa é baixa e não intimida. A sensação de impunidade faz com que o desrespeito continue”, afirma.

Ele também critica novas construções que ignoram a quantidade mínima de vagas acessíveis exigida por lei. “A cidade cresce, o número de pessoas com deficiência aumenta, mas o número de vagas permanece o mesmo”, aponta.

Mudar o cenário

O vereador revela que está elaborando um projeto amplo de modernização das calçadas e espaços públicos, que será apresentado ao prefeito. A proposta inclui a priorização da acessibilidade em praças, parques e passeios públicos.

Velozo também destaca a importância da viagem do prefeito, Sandro Mabel (UB), a um simpósio sobre cidades inteligentes na Espanha. “Lá é referência mundial em acessibilidade. Queremos que ele volte com um novo olhar para aplicar aqui”, afirma.

Acessibilidade é para todos

O vereador encerra com um alerta: “Hoje a acessibilidade pode servir para mim, que sou cadeirante, mas amanhã vai servir para qualquer um. Todos vamos envelhecer, ter mobilidade reduzida ou alguma sequela. O que construirmos agora será o que vamos usufruir no futuro.”

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