Gleisi Hoffmann deve assumir um ministério no Governo Lula

29 janeiro 2025 às 10h14

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sondou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, sobre a possibilidade de assumir um ministério na reforma ministerial prevista para a próxima semana, após a eleição para o comando da Câmara e do Senado.
Lula teve duas conversas com Gleisi na última semana e mencionou que seu nome vinha sendo defendido para um cargo no governo. A deputada afirmou que caberia ao presidente decidir, mas destacou suas críticas à política econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Aliados do governo esperam que Gleisi seja nomeada para a Secretaria-Geral da Presidência, responsável pela articulação com movimentos sociais, pasta atualmente ocupada por Márcio Macêdo. Caso confirmada, ela integraria o núcleo central do governo, ao lado do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do secretário de Comunicação, Sidônio Palmeira.
A possível nomeação reforçaria a ala do governo que se opõe à política fiscal de Haddad, classificada como “austericídio” em documento do PT. Gleisi também foi cogitada para o Ministério do Desenvolvimento Social.
Outra mudança em análise é a substituição do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Esse movimento dependeria da saída da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que poderia ser substituída por Padilha. No entanto, assessores de Lula têm dúvidas sobre a exoneração de Nísia, o que reduziria o número de mulheres no governo. Nesse cenário, a nomeação de Gleisi poderia equilibrar essa redução.
Reforma ministerial
A reorganização busca contemplar partidos do centrão, cujas bancadas somam 307 votos na Câmara, número suficiente para bloquear propostas do Executivo.Os partidos União Brasil (59 deputados), PP (50), Republicanos (44), Podemos (14), PSD (44) e MDB (44) são considerados peças-chave na negociação.
A estratégia de acomodação de interesses não é inédita: em 2023, Lula substituiu ministros do PT e aliados por nomes do centrão, como Celso Sabino (Turismo), André Fufuca (Esportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
A coalizão governamental no Brasil exige a distribuição de ministérios para garantir apoio parlamentar. A nova reforma deve reduzir espaços do PT para beneficiar legendas com maior influência no Congresso. Entre os nomes cotados para cargos na Esplanada está o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), que perderá o posto em fevereiro.
Pastas como Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Desenvolvimento Social, Relações Institucionais e Secretaria-Geral da Presidência estão entre as que podem ser redistribuídas. A inflação dos alimentos e a tramitação de projetos sobre tributação, meio ambiente e regulamentação das big techs devem ser desafios para a nova equipe ministerial.
A viabilidade da reforma e sua capacidade de garantir estabilidade ao governo dependerão da fidelidade dos novos aliados e do impacto dessas mudanças na governabilidade.
Quem assume presidência do PT?
Caso a saída de Gleisi da presidência do PT se efetive, outro nome seria escolhido para um mandato-tampão até junho, quando termina o processo eleitoral da legenda. Nesse caso, seria escolhido um dos vices-presidentes. A legenda tem quatro: Humberto Costa (PE), José Guimarães (CE), Washington Quaquá (RJ) e Zé Geraldo (PA).O senador Humberto Costa e o líder do governo na Câmara, José Guimarães, são considerados os dois nomes mais bem posicionados para assumir a função por um temporariamente.