A briga foi com personagem muito conhecida na boemia carioca, João Francisco dos Santos, Madane Satã

O compositor Geraldo Pereira, autor do melhor samba tipo sincopado, morreu no Rio, quando tinha 37 anos, por causa de uma briga. Ele se encontrava em um bar no bairro boêmio da Lapa.

A briga foi com personagem muito conhecida na boemia carioca, João Francisco dos Santos, Madane Satã, que era gay. Satã brigava muito bem. Deu um murro que derrubou Geraldo com a cabeça no meio fio.

Mineiro de Juiz de Fora, nascido em 1918, Geraldo Pereira morou na zona rural da cidade da Zona da Mata e chegou a trabalhar como candeeiro de boi, antes de se mudar, ainda adolescente, para o Rio de Janeiro.

De suas músicas, ficaram um vasto arsenal de temáticas, todas representadas pela ginga inerente à síncope de seu samba, como a crítica à economia de Getúlio Vargas em “Ministério da Economia” (Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, 1951), o olhar irônico para a própria pobreza em “Acertei no Milhar” (Geraldo Pereira e Wilson Batista, 1940), gravada por Moreira da Silva; a reprovação da repressão policial expressa em “Polícia no Morro”, outra parceira com Arnaldo Passos, também de 1951, e gravada por Cristina Buarque; e os sucessos que muita gente desconhece sua autoria, como “Sem Compromisso” (1947), marcada na voz de Chico Buarque. 

O maior intérprete de Geraldo Pereira, contudo, foi Cyro Monteiro, o primeiro a gravar a famosa “Falsa Baiana” (1944), que ganhou inúmeras releituras, desde as vozes clássicas de Gilberto Gil e Gal Costa, até os contemporâneos Paulinho Moska e Roberta Sá. A versão mais explanada, porém, é a de João Gilberto, gravada em 1973, muito depois da morte do compositor mineiro. Antes, o ícone da bossa nova havia gravado “Bolinha de Papel” (1961), como reconhecimento definitivo da importância de Geraldo Pereira para a fundação e desenvolvimento da bossa nova.