O furto de energia elétrica em Goiás tem se tornado uma prática cada vez mais frequente e diversificada, atingindo desde residências simples até indústrias de grande porte. Segundo a Equatorial Goiás, concessionária responsável pela distribuição no Estado, apenas em 2025 já foram realizadas mais de 181 operações de combate ao crime, com 103 pessoas presas até o momento. Os responsáveis vão desde pequenos comerciantes até empresários e moradores de condomínios de alto padrão.

“Infelizmente, é uma cultura que se pregava há muito tempo, de que o ‘gato’ seria apenas um jeitinho brasileiro. Mas estamos falando de um crime, que gera prejuízos coletivos”, afirma Johnathan Costa, gerente corporativo de Segurança Empresarial da Equatorial. Ele lembra que a prática impacta diretamente a revisão tarifária da Aneel, elevando a conta de luz de todos os consumidores.

“Ou seja, eu, você e toda a população paga por esses que estão dando uma de esperto, realizando furto ou fraude. Uma parte do prejuízo fica com a concessionária, mas outra parte acaba diluída na tarifa e aumenta a conta de quem paga em dia”, explica.

Segundo o gerente, não existe perfil específico de quem comete o delito. “Hoje está bem generalizado. Temos desde casas pequenas de periferia até residências em condomínios de alto padrão, passando por comércios e grandes empresas”, detalha o gerente.

Entre os casos mais recentes, destaca-se o de um bar em Goiânia, onde o prejuízo estimado ultrapassa os R$ 50 mil. “E existem locais onde esse prejuízo é ainda maior, por conta do tempo prolongado de furto e da carga de energia desviada”, completa.

Johnathan explica que a concessionária utiliza tecnologias inteligentes e analíticas para identificar possíveis fraudes, especialmente entre grandes consumidores. “Nosso sistema aponta inconsistências que nos levam a realizar inspeções. Se for um defeito, fazemos o reparo. Mas se confirmamos a fraude ou o furto, a ação é encaminhada à autoridade policial”, afirma.

Outro caminho importante são as denúncias anônimas, feitas por consumidores pelo call center da empresa. “A população tem colaborado cada vez mais. Existe um senso de justiça. Essas denúncias são fundamentais”, destaca.

As punições para quem comete furto de energia podem chegar a quatro anos de reclusão, além de multa e ressarcimento dos valores desviados durante todo o período da fraude. “A responsabilização é firme. Quem for flagrado vai responder criminalmente e também terá de arcar com o prejuízo causado”, alerta. As regiões mais afetadas, segundo o gerente, são a Grande Goiânia (incluindo a capital e região metropolitana) e o Entorno do Distrito Federal, que concentram o maior número de ocorrências.

Furto de cabos também aumenta no Estado

Além do furto de energia, a Equatorial Goiás também enfrenta uma escalada nos furtos de cabos e equipamentos da rede elétrica, prática que compromete diretamente o funcionamento do sistema e coloca em risco a vida da população. Segundo Johnathan Costa, o furto de cabos é hoje uma das maiores ameaças à operação segura e eficiente do sistema elétrico em Goiás e no Brasil.

“Esse crime impacta a segurança da população, a operação do sistema e a qualidade do serviço prestado. Não é só a Equatorial que perde, é toda a sociedade”, afirma o gerente.

Para enfrentar o problema, a empresa tem investido em tecnologia de ponta, como a nanotecnologia aplicada aos cabos, que permite a identificação do material mesmo após a queima ou corte. Isso dificulta a revenda ilegal e auxilia a polícia na responsabilização de receptadores e criminosos. “Essa é uma ação estratégica e inovadora. Com a nanotecnologia, conseguimos rastrear cabos da distribuidora, mesmo quando já danificados. Isso tem sido crucial para responsabilizar tanto quem furta quanto quem compra esse material”, explica Costa.

Além dos prejuízos operacionais, os furtos colocam em risco a vida de quem os comete e da população em geral. “Há risco de choque elétrico, com possibilidade de morte no local. E mais: o furto compromete o fornecimento, causa oscilação, sobrecarrega o sistema e pode até danificar equipamentos nas casas e comércios”, alerta.

Um dos impactos mais graves é o desligamento de serviços essenciais. “O maior mal é a interrupção da energia em hospitais, escolas, comércios e residências, que muitas vezes ficam sem atendimento por causa da ganância de quem busca apenas o valor do cobre”, afirma Costa.

Apreensão recorde

Somente em 2025, mais de 30 toneladas de cobre furtado já foram recuperadas em Goiás. Em março, a Equatorial participou da maior apreensão de cobre do país, realizada no Estado: 30 toneladas apreendidas e sete pessoas presas.

A concessionária também tem atuado em campanhas educativas junto a comércios de sucata e ferro-velho, conscientizando sobre a importância de não adquirir material sem procedência. “A receptação é o elo que mantém esse crime em movimento. Estamos enfrentando esse problema em conjunto com as forças de segurança, com um trabalho firme de fiscalização e conscientização”, completa.

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