Fungos multirresistentes são uma das causas das infecções hospitalares
21 maio 2019 às 19h00

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Segundo pesquisa da USP, uso de defensivos agrícolas, com antifúngicos na composição, contribui de forma direta para a resistência do fungo aos variados tipos de medicamentos existentes

Segundo relatório do Banco Mundial, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 7% dos pacientes internados de países de renda alta estão sujeitos a uma Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) – termo atualmente utilizado para infecção hospitalar. Nos países pobres, o índice sobe para 10% durante a internação. E, neste ano, um novo elemento foi apontado como causa deste problema: os fungos multirresistentes.
O Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), por meio de estudo, informou que um fungo só afeta pessoas com o sistema imunológico já comprometido. Porém, o relatório informou, também, que algumas espécies desses agáricos podem afetar pacientes em situações delicadas de internação.
Vale destacar o Candida auris, que tem gerado repercussão e apreensão pelo mundo. Esse superfungo, que antes não era motivo de preocupação, possui uma forma mais perigosa que tem se espalhado. Esta, inclusive, é resistente às três classes de substâncias antifúngicas, diferentemente dos outros subtipos desse mesmo fungo.
Transmissão
Também motivo de alerta é o fato desse subtipo do Candida auris poder ser transmitido por diversos materiais hospitalares como estetoscópios, medidor de pressão, macas e termômetros.
No último mês, o professor de epidemiologia fúngica no Imperial College London e coautor de uma revisão científica recente sobre os fungos resistentes a medicamentos, Matthew Fisher, disse se tratar de um grande problema, por conta da confiança em medicamentos antifúngicos para tratar pacientes. Sua sensibilidade ao tema se dá por conta de uma explosão de fungos resistentes a medicação e ao fato de que especialistas na área têm alertado que o uso exagerado de antibióticos poderia reduzir a efetividade de remédios.
Ainda conforme a pesquisa da USP, o uso de defensivos agrícolas, com antifúngicos na composição, contribui de forma direta para a resistência do fungo aos variados tipos de medicamentos existentes. O estudo também atribui o surgimento desse subtipo as mudanças climáticas.
Motivo de alarde?
Para os pesquisadores da USP o Candida auris não apresenta riscos para as pessoas no geral. Eles declaram que o alerta maior fica por conta dos sistemas de saúde, ambientes hospitalares, clínicas, laboratórios e mais.
Conforme os estudiosos, os fungos tendem a se desenvolver em temperaturas mais elevadas.
Candida auris
Este fungo pode causar infecções na corrente sanguíneas, de ouvido e originárias de machucados. Este germe é identificado por meio de culturas de sangue e outros fluidos e é semelhante, a ponto de ser confundido, com o Candida hamulonii.
Os fatores de risco são: cirurgia recente, diabetes, uso de antibióticos de amplo espectro e de antifúngicos, além de pessoas que ficaram internadas e receberam tubos ou cateteres. Apesar de toda a preocupação e da infecção poder matar, ela é tratável por uma classe de antifúngicos, a echinocandins – ainda assim, algumas se mostraram resistentes às medicações, o que exigiu doses maiores.