Fundador da Arezzo diz que tarifaço de Donald Trump é estratégia suicida para os Estados Unidos

15 agosto 2025 às 14h04

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Numa entrevista ao repórter Diogo Schelp, da revista “Veja” — Páginas Amarelas —, o fundador da Arezzo, rainha dos sapatos femininos, Anderson Birman diz que, com o tarifaço, os Estados Unidos do presidente Donald Trump deram um tiro no pé.
Schelp pergunta: “Qual a sua opinião sobre a tarifa de 50% imposta pelo governo americano a uma parcela significativa da pauta de exportação brasileira?”
Anderson Birman responde: “Eu acho um absurdo. Os Estados Unidos estão adotando uma estratégia suicida. O governo americano vai acabar gerando inflação, pois o país tem muitos setores que dependem regularmente de importação”.

O criador da Arezzo acrescenta: “Quase tudo o que é manufaturado vem da China, da Coreia do Sul ou de outros países. Os Estados Unidos não têm produção de sapatos, por exemplo. No fim das contas, a elevação das tarifas vai encarecer o produto para os consumidores americanos”.
“Mesmo itens de luxo vão se tornar inviáveis. Digamos que um sapato Prada custe 500 dólares nos Estados Unidos, atualmente. Com as novas tarifas, pode passar a custar até 750 dólares. Quaisquer 10 dólares fazem a diferença. Isso vai gerar inflação. Esse pode ser o início de uma nova crise americana”, analisa o empresário.
Anderson Birman diz que, se prejudica os Estados Unidos, o tarifaço, paradoxalmente, pode acabar beneficiando o Brasil. Como assim?
“A nova política de importação dos Estados Unidos pode ser proveitosa para o Brasil. Por um lado, a indústria brasileira vai ter que se tornar mais competitiva, pensando na inserção e na concorrência internacional. Por outro, vamos poder concentrar nossos esforços no mercado interno”, diz o bilionário (fortuna de 2,2 bilhões de reais). (E.F.B.)