Fome aumenta 43,7% em 5 anos, aponta IBGE
18 setembro 2020 às 07h40
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A partir de 2015 crise econômica refletiu na alimentação do brasileiro
De acordo com Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) apresentada nesta quinta-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o número de pessoas que passam fome diariamente no Brasil aumentou 43,7% nos últimos cinco anos. Além disso, mais de um terço da população brasileira teve problemas para garantir alimentos em 2017 e 2018.
Os dados da POF mostraram que no biênio 2017-2018, cerca de 36,7% dos domicílios tinham algum grau de insegurança alimentar, o que representa 84,9 milhões de pessoas do total 207 milhões (população estimada para esses anos). Desse número, 10,9 milhões vivem em residências com restrições alimentares graves, o que, segundo o IBGE, “significa que houve ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores, incluindo, quando presentes, as crianças.”
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) começou a levantar esses números em 2004, quando 34,9% viviam com algum tipo de insegurança alimentar. Desde então, essa é a primeira vez que o IBGE registra o aumento da fome no país.
Crise
O país chegou a sua melhor situação em 2013, quando 22,6% dos domicílios estavam em situação de insegurança alimentar, e apenas 3,2% estavam em insegurança alimentar grave.
A partir de 2015 a crise econômica refletiu na alimentação do brasileiro. Em 2017-2018, 4,6% dos domicílios passaram a ter insegurança grave, onde a fome domina. A insegurança moderada, onde há restrição significativa de alimentos, quase dobrou, de 4,6% na Pnad de 2013 para 8,1% das residências na de 2017-2018. E a leve, quando há preocupação de garantir a alimentação no futuro e há comprometimento da qualidade, passou de 14,8% para 24% dos domicílios.
A POF mostrou ainda que os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, representam parcela considerável dos recursos a que tem acesso as pessoas em situação de fome, representando 25,7% do rendimento total, enquanto a renda vinda de salários chega a 45,2% do total.