Fogos de artificio e pets: conheça os cuidados, perigos e legislação
30 dezembro 2024 às 10h55
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Os fogos de artifício, comuns em festas de final de ano e outras celebrações, podem causar sérias consequências para os cães. Esses animais possuem uma audição muito mais sensível que a dos humanos, o que amplifica os sons altos e inesperados dos fogos. Especialistas explicam que, como resultado, muitos pets experimentam estresse, ansiedade e medo extremo durante essas ocasiões.
Os sintomas podem incluir tremores, salivação excessiva, latidos incessantes, tentativas de fuga, batimentos cardíacos acelerados e, em casos extremos, convulsões e parada cardíaca, podendo levar à morte do animal. Outro fator preocupante nessa época é a possibilidade de atropelamento, devido às fugas desesperadas dos pets em busca de refúgio.
A audição é um dos sentidos mais desenvolvidos em cães e gatos, sendo essencial para a comunicação, detecção de predadores e localização de presas. Esses animais possuem adaptações anatômicas e fisiológicas que lhes conferem uma sensibilidade auditiva superior, permitindo captar frequências sonoras além do alcance humano. Cães podem ouvir sons de até 40 mil hertz, enquanto gatos alcançam até 65 mil hertz, comparados aos 20 mil hertz percebidos por humanos.
Essa capacidade auditiva avançada possibilita que cães e gatos detectem sons de alta frequência, favorecendo comportamentos de guarda e caça, essenciais para a sobrevivência em ambientes selvagens. Contudo, essa mesma sensibilidade torna os pets mais suscetíveis a desconfortos causados por barulhos altos, como fogos de artifício, que passam despercebidos ou são menos incômodos para humanos.
O impacto dos fogos de artifício vai além do desconforto imediato. A exposição repetida a essas situações pode levar a traumas psicológicos nos cães, que passam a associar sons semelhantes a experiências negativas. Isso pode resultar em fobias sonoras, dificultando o manejo do comportamento do animal em outras situações cotidianas, como tempestades ou barulhos urbanos. Em casos mais graves, o estresse prolongado pode comprometer a saúde física do pet, com efeitos no sistema imunológico e no comportamento alimentar.
Os tutores podem desempenhar um papel crucial para minimizar os efeitos dos fogos de artifício nos cães. Um dos primeiros passos é criar um ambiente seguro dentro de casa. Preparar um espaço confortável, com cobertores, brinquedos e outros itens familiares, pode ajudar o animal a se sentir protegido. Além disso, manter as janelas fechadas e colocar música ou sons relaxantes pode mascarar os ruídos externos. É importante nunca forçar o pet a sair desse espaço seguro durante a queima de fogos.
Outra estratégia eficaz é o uso de técnicas de dessensibilização e contracondicionamento antes das festas. Isso envolve expor o cachorro gradualmente a sons de fogos em volume baixo, recompensando comportamentos calmos. No entanto, é fundamental realizar esse treinamento com antecedência e sob orientação de um profissional, como um adestrador ou comportamentalista. Em situações mais extremas, o tutor pode considerar o uso de medicamentos ou feromônios calmantes, sempre sob orientação de um veterinário.
Por fim, é essencial que os tutores permaneçam calmos e transmitam confiança ao pet. Os cães são altamente sensíveis às emoções humanas, e qualquer sinal de preocupação ou nervosismo pode agravar o estresse do animal. Mostrar empatia e paciência é crucial para ajudá-lo a enfrentar esses momentos difíceis. Além disso, campanhas de conscientização sobre os impactos dos fogos nos animais podem incentivar o uso de alternativas mais silenciosas, beneficiando não apenas os cães, mas também outros animais e pessoas sensíveis ao barulho.
Caso real
O tutor Marcos Fagundes Pereira passou por uma experiência desagradável com seu cachorro no final de 2018 devido ao uso de fogos de artifício. Ele relata que, por conta do estresse, seu pet ficou com sequelas na coluna e perdeu a capacidade de andar. “O estresse sofrido causou um problema na coluna, deixando-o paralisado do pescoço para baixo, sem conseguir se movimentar”, relata.
Marcos enfatiza que, após muitas sessões de fisioterapia e um tratamento rigoroso, o animal conseguiu voltar a andar. “Hoje ele não tem a mesma mobilidade de antes, mas, pelo menos, consegue andar sozinho”, comemora. No entanto, Marcos destaca que as pessoas deveriam refletir sobre o bem-estar dos animais nesse período do ano, pois eles sofrem muito.
Projetos de Lei sobre o Uso de Fogos de Artifício
Tanto no estado de Goiás quanto no município de Goiânia, existem leis que proíbem o uso de fogos de artifício. Na capital, uma lei de 2018 determina a proibição, em áreas abertas ou fechadas, públicas ou privadas, de “queimar, soltar, manusear ou utilizar fogos de artifício, pirotécnicos, bombas, morteiros e busca-pés que causem poluição sonora por meio de estouros, estampidos e outros ruídos”.
Quem desrespeitar a norma terá o material apreendido e estará sujeito a multa de até 10 salários mínimos. A fiscalização é de responsabilidade da Agência Municipal do Meio Ambiente, do Procon ou de outros órgãos designados pela prefeitura.
Em âmbito estadual, uma lei de 2022, de autoria da então deputada estadual Adriana Accorsi (PT), foi aprovada pela Assembleia Legislativa de Goiás. Essa legislação proíbe a queima, soltura e manuseio de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos de alto impacto ou com efeito de tiro em todo o estado.
Adriana Accorsi ressalta que o uso de fogos com barulho intenso causa diversos danos e desconfortos, afetando especialmente crianças, idosos, pessoas acamadas, portadores de transtornos mentais e animais domésticos.
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