Goiás teve o segundo maior crescimento populacional do país, recebendo 186.287 novos habitantes. Essa migração populacional, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aquece o setor imobiliário com a demanda por novas moradias. Goiânia é o terceiro maior mercado imobiliário nacional, com crescimento de 30% no primeiro trimestre de 2025.

Diretor de pesquisas e estatísticas da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Credson Batista, aponta que o crescimento de 20% da população goiana entre 2010 e 2022 contribui para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. “Goiânia bateu recorde no número de unidades comercializadas em 2024 com mais de R$ 8,2 bilhões movimentados no ano, sendo R$ 7,7 bilhões apenas em apartamentos”, diz. Ele aponta ainda que o metro quadrado na capital valorizou em 10% entre o ano passado e o primeiro trimestre do ano.

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O presidente da Ademi-GO, Felipe Melazzo, chama a atenção para algumas consequências dessa realidade. “Goiás tem atraído muitas pessoas em busca de empregos e oportunidades. A construção civil é uma das grandes responsáveis por esse fenômeno, já que as obras geram um grande volume de empregos diretos e indiretos”, diz.

Segundo dados de geração de empregos do CAGED, a indústria da construção foi responsável, em março, por 26% do saldo de empregos criados em Goiânia e Aparecida de Goiânia. “Com uma demanda aquecida é natural que número de lançamentos suba – entre dezembro de 2024 a março de 2025, o número de canteiros verticais saltou de 162 para 176 –, assim a nossa demanda por mão de obra também é crescente. Porém, o número de trabalhadores preparados para aproveitar essas oportunidades não cresce na mesma velocidade. Por isso, o custo dessa mão de obra sobe e, consequentemente, como os empreendedores já vem trabalhando com margens apertadas desde a pressão de custos dos materiais provocadas pela pandemia, essa subida nos custos de produção será repassada para o metro quadrado dos empreendimentos.

Melazzo ressalta que a atração de mão de obra, de diferentes trabalhadores em busca de melhorias nas condições de vida, também reflete na oferta e demanda por imóveis. “Nesse contexto, é importante que tenhamos iniciativas para possibilitar moradia digna a todos. Assim, a criação da faixa 4 do programa Minha Casa Minha Vida foi positiva e deve facilitar o acesso de famílias que ganham até R$ 12 mil por mês ao sonho da casa própria. E, ainda, a aprovação das Leis de Habitação de Interesse Social em Goiânia também deve impulsionar esse mercado, já que hoje apenas 12% da oferta de unidades se enquadra no programa MCMV”, finaliza.

Qualidade de vida em Goiânia atrai investimentos

Diretor comercial de uma construtora na capital, Marcelo Moreira diz que um dos fatores determinantes para o crescimento do interesse pela capital goiana é a qualidade de vida. Ele cita a segurança pública como um dos motores dessa atração de novos moradores “além de uma qualidade de vida altíssima com mais de 30 parques públicos que garantem lazer aos moradores”.

Moreira diz que o mercado percebe o crescimento nas vendas, em especial para clientes que não são de Goiânia. “30% dos nossos clientes são de outros estados. Entendemos que o nosso cliente é global, e, com as ferramentas tecnológicas, essas pessoas conseguem comprar e acompanhar a evolução de uma obra à distância, por exemplo. Então, é crescente essa parcela de compradores que buscam morar em uma cidade melhor ou investir com foco em valorização de patrimônio e rentabilizar através do aluguel”, afirma.

Diretora de empreendimentos de uma construtora e incorporadora, Camila Inácio, avalia que o agronegócio é um dos principais impulsionadores do dinamismo imobiliário em Goiás. Ela destaca que o mercado imobiliário segue como uma opção segura de investimento, com potencial de valorização a longo prazo. “Dentro desse contexto, temos percebido uma demanda crescente por imóveis por parte de clientes vindos de outras regiões, especialmente ligados ao agronegócio”.

Inácio comenta que o perfil desses clientes está na faixa de 75 a 70 “mais maduro e conservador” e que buscam tanto moradia quanto imóveis para filhos que vêm estudar em Goiânia. “Empreendimentos com áreas ajardinadas e quintais privativos, têm se destacado entre as preferências desse público”.

O CEO Fernando Razuk, comenta que 40% dos clientes adquirentes de apartamentos do empreendimento não são residentes na capital, sendo de outros 11 estados brasileiros. “Esse dado reforça o quanto Goiânia se tornou um polo regional para o Centro-Norte do país. Com isso, recebe muitas pessoas para o turismo de negócios e em busca de serviços de saúde e educação, segmentos nos quais a capital é destaque nacional. Pensando nessa demanda de pessoas que precisam de locais estrategicamente pensados, desenvolvemos o primeiro imóvel de ultracompactos da cidade, com metragens a partir de 22m² e o conceito de coliving, no qual o morador utiliza as áreas comuns do edifício como extensão do apartamento”, explica.

O gerente comercial Gabriel Santos cita Goiânia como referência de serviços públicos como atrativo para novos moradores, que vem tanto de Goiás quanto do Brasil. “. Em sua maioria, esses compradores investem em compactos, mas temos também muitas vendas de unidades de grandes metragens, acima de 200 m² como apoio dessas famílias como segunda moradia na capital”, explica.

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