Fim iminente: eleição de 2024 foi o velório do PSDB e o enterro deve ser em 2026
28 outubro 2024 às 12h22
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As eleições de 2024 representaram o golpe de misericórdia para o PSDB. Desde o surgimento do bolsonarismo, a sigla tem sido abandonada pelo eleitor de direita, e, neste pleito, não elegeu nenhum prefeito nas capitais e nenhum vereador na cidade de São Paulo. Severamente afetado desde 2022, a tradicional sigla da direita brasileira não deu sinais de recuperação nessas eleições, e, caso não opere mudanças significativas, isso pode significar seu fim político em 2026.
O Partido Social Democrata Brasileiro (PSDB) nasceu em 1988, em meio a euforia da Constituinte e da redemocratização no país. Foi um dos maiores partidos do Brasil e participou de todas as eleições desde sua fundação. Entre os criadores do partido, frequentemente associado à oposição da ditadura militar, estão Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Mário Covas.
Nas eleições deste ano, os tucanos lançaram sete candidatos disputando prefeituras das capitais, entretanto, nenhum deles foi eleito ou chegou ao 2° turno, algo inédito na história da sigla. Na cidade onde nasceu o partido, São Paulo, o representante do PSDB (o apresentador Datena) não alcançou nem 2% dos votos. Em Goiânia, o representante do PSDB, o jornalista Matheus Ribeiro, teve 46.875 votos, representando 6,81% dos votos. Dário Berger em Florianópolis, Beto Pereira em Campo Grande, Luiz Paulo Vellozo Lucas em Vitória, Júnior Geo em Palmas, e Patrícia Ferraz no Macapá foram derrotados nas urnas .
Desde o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016, o número de prefeituras sob comando do PSDB caiu drasticamente. Em 2016, eram 806 prefeitos do PSDB eleitos no Brasil, em 2020, o número foi para 535, e agora, após o 2° turno, são 273 prefeituras tucanas no país. Até mesmo o número de candidaturas tucanas foi reduzido: no estado de São Paulo, as 400 candidaturas sob o governo de João Doria minguaram para míseras 65 neste pleito.
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PSDB não tem candidatos a prefeito em 12 das 20 cidades com 60% do eleitorado de Goiás
Quando pensamos em governadores, o PSDB também enfrenta o pior momento de sua história. Entre 1994 e 2010, eram pelo menos seis governadores da sigla, enquanto hoje são apenas três.
A eleição de Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo deteriora ainda mais o poder político dos tucanos. Com um vice-prefeito coronel bolsonarista, a tendência é que a Secretaria da Educação, pasta atualmente ocupada pelo PSDB, passe para as mãos de representantes da extrema-direita.
Vale lembrar que Ricardo Nunes assumiu a prefeitura de São Paulo após a morte de Bruno Covas, neto de um dos fundadores do PSDB, mas agora, entretanto, segue no comando da maior cidade da América Latina graças ao apoio de Bolsonaro e Tarcísio. A simbologia é marcante, já que a queda da sigla no seu reduto eleitoral é marcada, entre outros pontos, pela morte do neto de um de seus fundadores.
No Legislativo
No Senado, o PSDB nunca ficou uma legislatura com menos de 10 parlamentares desde 1990. Em 2018, já com a movimentação política da direita brasileira em direção a Bolsonaro, o número de senadores tucanos caiu para oito, e, em 2022, foi reduzido para quatro.
Após a troca de sigla de alguns dos senadores, o PSDB passou a contar com apenas um senador, Plínio Valério, do Amazonas. Alessandro Vieira (SE), Mara Gabrilli (SP) e Izalci Lucas (DF) migraram para outras legendas, enfraquecendo ainda mais a sigla.
Na Câmara dos Deputados, a federação do PSDB com o Cidadania (ativa desde 2018) elegeu 18 parlamentares nas eleições de 2022, enquanto no pleito de 2018, eram 37, ou seja, perderam 19 deputados federais de uma eleição a outra.
As tentativas de sobreviver ao bolsonarismo da sigla, que se iniciaram em 2018, parecem infrutíferas. Se associar à defesa da democracia, à tradição política brasileira e formar coligações parecem não ter dado a sobrevida esperada pelos tucanos, que vão se tornando espécimes cada vez mais raros no habitat político do Brasil.