Fieg alerta para necessidade de diversificar matriz energética em Goiás e cobra ajustes no mercado livre de energia

27 setembro 2025 às 08h56

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A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), por meio do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra), divulgou o Relatório de Infraestrutura: Energia Elétrica 2025, estudo que apresenta um retrato detalhado da geração, consumo, distribuição e qualidade do fornecimento no Estado. O documento aponta crescimento expressivo da produção elétrica em 2024, mas reforça que o desafio central para os próximos anos será garantir equilíbrio entre fontes renováveis e despacháveis, de forma a manter a estabilidade do sistema.
Segundo o levantamento, Goiás produziu 33,1 mil GWh em 2024, alta de 36,9% em relação a 2023, tendo o maior volume da série histórica. A matriz segue predominantemente hídrica (81,8%), mas a energia solar vem ganhando força e já representa 6% da geração. A energia solar deve liderar a expansão da capacidade instalada até 2031, com 114 novos empreendimentos previstos, sendo 89% solares.
Apesar do avanço, o presidente do Coinfra, Célio Eustáquio de Moura, alerta para a necessidade de diversificação da matriz. “É positivo que a matriz se diversifique, mas precisamos lembrar que solar e eólica são fontes não despacháveis. Quando não há sol ou vento, quem sustenta o sistema são as hidrelétricas e termelétricas. Se não houver equilíbrio, corremos o risco de inviabilizar investimentos na geração firme, que é a que garante segurança energética”.
O relatório também destaca o avanço da geração distribuída (GD), que chegou a 158,2 mil unidades conectadas em 2024, com capacidade de 2.125 MW. No setor produtivo, a GD vem sendo vista como estratégia para reduzir custos e aumentar a previsibilidade no fornecimento.
Outro ponto de destaque é a forte migração para o mercado livre de energia. Entre 2015 e 2024, o consumo industrial no ambiente regulado despencou de 2.358 GWh para apenas 404 GWh, enquanto no mercado livre saltou para 5.961 GWh. Hoje, 92% do consumo livre em Goiás é industrial. Para Célio, a abertura do mercado gera competitividade, mas ainda carece de ajustes regulatórios. “O mercado livre é fundamental para reduzir custos das empresas, mas o mercado cativo é quem garante energia para todo o sistema. É preciso calibrar o modelo para não comprometer investimentos em geração e distribuição”.
Apesar da expansão da oferta, o relatório mostra que a qualidade do serviço de distribuição segue abaixo do ideal. A Equatorial Goiás, responsável por 237 municípios, registrou em 2024 DEC (duração média de interrupções) de 15,9 horas, acima do limite da Aneel (11,4h). No ranking nacional de continuidade do serviço, a distribuidora ocupa apenas a 30ª posição. “Houve melhora nos últimos anos, mas ainda estamos entre os piores do país. É preciso manter os investimentos e melhorar a gestão”, disse o presidente da Coinfra.
As tarifas em Goiás também preocupam. De 2018 a 2024, os reajustes acumulados para a indústria em alta tensão chegaram a 53%, pressionando a competitividade. A média regional é de R$ 757,84/MWh, enquanto a Equatorial Goiás pratica R$ 712,43 — abaixo da média, mas ainda impactada pelos ciclos de aumento.
Além disso, relatório conclui que a energia elétrica é insumo vital para a competitividade da indústria no Estado e que diversificação da matriz, previsibilidade regulatória e melhoria da qualidade de distribuição são indispensáveis para manter o ritmo de crescimento econômico.
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