Faustão depende do SUS para receber transplante de coração; entenda o procedimento
21 agosto 2023 às 17h43
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A piora no quadro de saúde levou o apresentador Fausto Silva, o Faustão, para a lista de espera para doação de um coração compatível. A informação de que o ícone da televisão brasileira dependeria do Sistema Único de Saúde (SUS) para receber um órgão deixou muitas pessoas confusas sobre os procedimentos de transplante no País. Para esclarecer dúvidas e desmentir boatos e teorias conspiratórias, o Jornal Opção conversou com a gerente de Transplante da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Katiuscia Christiane Freitas. Ela explica que Goiás faz a captação do coração, mas o procedimento de transplante é feita em Brasília ou São Paulo.
Katiuscia expõe que “toda doação de órgãos vai sair do Sistema Único de Saúde”. “Mesmo que o receptor esteja em um hospital particular e essa unidade esteja credenciada para realizar o transplante, a lista é gerida somente pelo SUS”, explica. De acordo com ela, cerca de 95% dos transplantes realizados no Brasil são feitos por unidades públicas.
Ainda segundo a gerente de transplantes, a lista segue as normativas de “portaria do Ministério da Saúde que descreve quais tipos de doenças levam os pacientes para a fila”. “É levado em conta a gravidade, compatibilidade e tempo de espera”, argumenta.
A logística também é uma etapa importante para determinar para quem o órgão será doado. Isso porque, cada órgão tem um tempo máximo para que o transplante seja feito. No caso do coração, por exemplo, esse limite é de quatro horas. “Temos uma parceria com a FAB e com as companhias aéreas que fazem o transporte desses órgãos”, comenta.
A doação de órgãos é possível apenas em casos de comprovação de morte encefálica, a perda irreversível de todas as funções cerebrais. “É uma parcela pequena das mortes e são necessários diagnósticos que comprovem a morte encefálica”, conta.
Recusa de doações
No dia 27 de setembro é comemorado o dia Nacional de Doação de Órgãos. Katiuscia explica a importância da data e do diálogo sobre o direito à doação. “A recusa de doações no país é de 40%, já em Goiás, essa recusa chega a 63%. É importante esse debate pois, caso a família se recuse a doação, nada pode ser feito”, diz.
Em 1997, o Brasil chegou a adotar a informação de doador de órgãos na carteira nacional de identidade, mas a lei foi revogada em 2001.
Os órgãos possíveis de doação são: coração, pulmões, fígado, pâncreas e intestino, os tecidos como córneas, válvulas cardíacas, ossos e peles também estão autorizados para serem doados. O transplante de outras partes do corpo humano é proibido dentro do território brasileiro.
Captação e transplante em Goiás
Dados da SES-GO de janeiro a julho de 2023 mostram que Goiás o número de doadores de órgãos teve um aumento de 59% (62 doadores) e as notificações de mortes encefálicas subiram 13,4% (320 ao todo).
O número de transplantes em Goiás cresceu 47,5% nesse período e chegou ao total de 474. A doação de córneas é a principal no estado, com 334 transplantes, seguido dos rins (87) e Esclera (29).
Fila de espera
Goiás tem 2023 pacientes aguardando por uma doação de órgãos. São 1.599 dependendo do transplante de córneas, 412 de rins e 12 de fígado.
Quer ser doador?
Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o seu desejo. No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar. Há dois tipos de doador: o primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só serão doadores com autorização judicial.
O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com diagnóstico de morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado, e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
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