Presidente persiste em causar crises. Discursos vindos do Palácio do Planalto só ampliam resistência da população às medidas de isolamento

Os presidentes da República, Jair Bolsonaro e do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, fazem declaração à imprensa no Planalto

Diariamente as falas e atitudes do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) destoam frontalmente das ações adotadas pela maioria dos governadores e prefeitos. Isso nem é mais novidades para ninguém, aliás já passou a ser esperado pelos gestores. A questão é que de acordo com que a problemática do enfrentamento a Covid-19 se aprofunda, essa divergência passa a ter reflexos ainda mais graves e profundos.

Enquanto a maioria dos chefes de governo determinam rigorosamente o isolamento social, o líder do Planalto desdenha da gravidade da doença e dá prioridade à economia. Em estados como Goiás, em que o eleitorado bolsonarista é grande, o fator Bolsonaro passa a ser um desafio crescente e cria barreiras para o enfrentamento a doença.

Mais do que ensinar a usar o máscaras e defender o isolamento social, especialistas e autoridades sanitárias sempre repetem a necessidade de uma ação conjunta, entre União, Estados e Municípios. Mas Bolsonaro ignora tudo – das máscaras ao diálogo. 

Enfrentar Bolsonaro, é enfrentar a desinformação. O presidente e seus filhos, todos com presença ativa na Internet, são defensores ferrenhos da cloroquina para o tratamento da Covid-19, mesmo sem nenhum estudo conclusivo. O isolamento social, defendido pela OMS, para eles é um ato puramente político e que não preserva vidas. 

Quando se passa dos 13 mil mortos e o presidente força a demissão de um ministro da Saúde por ele não concordar com o uso de um medicamento sem eficácia nenhuma comprovada. Ou antes disso, se reúne com os maiores empresários do País e pede para que eles “joguem pesado” com os governadores para forçar a reabertura da economia. Governadores e prefeitos tenham que gerir crises que vão além da saúde e social, que são prioridades.  

Para exemplificar como Bolsonaro transformou o enfrentamento a pandemia em uma guerra federativa, basta avaliar a situação enfrentada pelo governador Ronaldo Caiado (DEM). Embora necessária novas medidas para impor um índice maior de isolamento, o democrata decidiu recuar diante de tantas resistências, que com certeza são apoiadas nas falas e ações do presidente. “Não há sentido em termos um decreto que não será seguido”, justifica Caiado.

Encorajados pelo presidente, há até carreatas e buzinaço pedindo abertura de restaurantes, bares e escolas. Tudo isso na contramão do que o mundo tem feito, mas segue exatamente o que rege a cartilha defendida por Bolsonaro e sua família.