Ex-diretor do Ministério dos Direitos Humanos teria sido ameaçado por Silvio Almeida
12 setembro 2024 às 15h10
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O ex-diretor do Ministério dos Direitos Humanos, Leonardo Pinho, afirmou que foi ameaçado pelo ex-ministro da pasta, Silvio Almeida. Ao colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, Pinho revelou que Silvio costumava bater na mesa enquanto gritava com ele. A situação seria recorrente e teria acontecido, inclusive, em uma reunião no fim de 2023, pouco antes de Leonardo pedir demissão.
Segundo o ex-diretor, em outubro do ano passado, ele foi convocado ao gabinete de Almeida. “ele me pediu para gravar reuniões com a minha equipe, que tinha se recusado a assinar documentos fora do fluxo do ministério. Também pediu para eu gravar integrantes do Ciamp [Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua], que haviam criticado o plano do ministério por falta de transparência. Eu falei ‘não’. Foi a mesma cena: ele se levantou da mesa, xingou e deu socos na mesa. Me disse que os meus dias estavam contados”.
Pinho, então, teria sugerido que o ex-ministro melhorasse sua relação com as outras pastas, citando Anielle Franco. O então diretor teria citado a ministra por haver relatos de dificuldades entre os dois. O atrito, no entanto, se daria por conta da dependência orçamentária da pasta de Igualdade Racial em relação aos Direitos Humanos, até mesmo para itens simples como passagens aéreas.
Silvio Almeida, então, teria sido agressivo, segundo o relato de Pinho. “ficou descontrolado, transtornado, quando mencionei a Anielle. Me falou: ‘você está insinuando o quê? Sou ministro de Estado, você é um merda’. Fiquei sem entender e tive medo de ele me agredir. Ele também disse, em relação ao meu trabalho no ministério: ‘eu vou acabar com a sua vida, você não vai mais existir’”.
“Saí da reunião, liguei para minha esposa e chorei. Tive problemas de saúde por causa dessa situação, pressão alta, diabetes, ganhei peso. Eu já estava decepcionado com ele, mas ali fiquei com medo. Era uma pessoa de envergadura, que foi sócio de escritórios importantes de advocacia”, disse Pinho.