Presos da Operação Antídoto “viviam em condomínios de luxo, tinham casas bem montadas de tamanhos incompatíveis com o que recebiam”, diz delegada

A Polícia Civil de Goiás realizou uma coletiva na manhã desta sexta-feira, 5, para dar detalhes da Operação Antídoto. Deflagrada pela PC, por meio da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Draco), a investigação prendeu o advogado Emerson Thadeu Vitta e do ex-assessor de juiz Carlos Eduardo Moraes, ambos associados à facção criminosa Comando Vermelho.
O secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, disse que a facção é muito bem organizada “não só em Goiás, mas no Brasil e parte da América do Sul”. Miranda ressaltou que o advogado detido começou sua relação com a organização por advogar para membros do Comando. “Aí acabou se envolvendo com a cúpula e trabalhando, inclusive, em atos de corrupção dentro do segundo escalão do Poder Judiciário”, disse.
“Houve uma correlação com um ex-assessor da Justiça que acabava facilitando o trabalho dele e vazando informações de interesse do Comando Vermelho”, detalhou. Trata-se de Carlos Eduardo Moraes, que, segundo o delegado titular da Draco, Alexandre Bruno Barros, possuía informações judiciais que eram repassadas aos membros do Comando.

“Juntos, eles montaram todo um estratagema relacionado à questão do tráfico de influências e corrupções. Eles acabavam por beneficiar com decisões os integrantes do Comando Vermelho. Graças ao acesso a informações sigilosas, ele repassava para o advogado, que repassava aos presos ou àqueles que estivessem prestes a serem presos”, explicou o delegado.
Os levantamentos realizados pela Polícia Civil mostram que ambos recebiam muito dinheiro pelo trabalho. A delegada adjunta, Carla De Bem, confirma que “tanto o advogado quanto o assessor viviam em condomínios de luxo, tinham casas bem montadas e de tamanhos incompatíveis com o que recebiam”. Ela conta que a operação apreendeu documentos, computadores, celulares e outros objetos que serão submetidos à análise técnica.
A Operação
Deflagrada na manhã de quarta-feira, 3, a Operação Antídoto cumpriu 12 medidas cautelares, entre mandados de prisão e busca e apreensão.
A ação revelou que os presos participavam de esquemas ligados à venda de sentenças, sumiço de autos processuais, falsificação de assinaturas de servidores do Tribunal de Justiça e diversos outros tipos de facilitação a réus ligados à organização criminosa.
Carlos Eduardo foi exonerado do cargo que ocupava no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) no início desta semana. Segundo o delegado Alexandre Bruno, o suspeito negociava decisões em troca de dinheiro. “As investigações nos permitiram ter certeza de que ele fabricava representações com informações falsas e depois negociava tudo por valores bem altos”, destacou.
O advogado Emerson Thadeu possuía ligações diretas com os líderes da facção. Ele teria, de acordo com as investigações, envolvimento com lavagem de dinheiro e teria ajudado a planejar a fuga de Stephan Souza Vieira, mais conhecido como PH, do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. O foragido é apontado como chefe do grupo criminoso em Goiás.
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