Operação R$ 2,80: Estudantes da UFG são presos suspeitos de queimarem ônibus
23 maio 2014 às 14h25
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Três jovens foram presos pela Polícia Civil suspeitos de associação criminosa e incitação à violência
A Polícia Civil (PC) deflagrou na manhã desta sexta-feira (23/5) a operação R$ 2,80, comandada pelo delegado Alexandre Lourenço, da Delegacia Estadual de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco). A ação visou prender líderes do Movimento Estudantil Popular Revolucionário, suspeitos de pregar a desordem e incitar a população a destruir ônibus do transporte público de Goiânia e região metropolitana.
A operação contou com a participação de 25 policiais. Ao todo foi efetuada a prisão de três estudantes entre 18 e 20 anos e a execução de cinco mandados de busca e apreensão. O delegado Tiago Torres disse que foi apreendido um vasto material suspeito, dentre eles bandeiras, cartazes, gases e produtos para a fabricação de coquetel molotov, arma química incendiária, geralmente utilizada em protestos e guerrilhas urbanas. No Brasil, a fabricação e o uso desse artefato configura porte ilegal de arma e a punição varia de três a seis anos de prisão, além de multa. Os agentes investigaram os suspeitos por meio de páginas das redes sociais e pela circulação de panfletos que divulgavam as manifestações.
O último ato na capital ocorreu na segunda feira (21/5). Além desse, outros protestos aconteceram nas últimas semanas contra o aumento da passagem, que desde 3 de maio passou de R$ 2,70 para R$ 2,80, um aumento de 3,07 %. Os manifestantes reivindicam também melhorias no serviço. O protesto mais violento foi no último dia 16, quando o Terminal da Bandeiras, na região Sudoeste, foi alvo de vandalismo. A Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC) contabilizou a partir deste dia 104 ônibus danificados.
Para a polícia, o grupo teve participação na manifestação que ocorreu dentro do Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG) em 15 de abril, quando três ônibus foram apedrejados e um queimado. Outra ação atribuída aos estudantes foi a manifestação que aconteceu no Terminal Praça da Bíblica, entre os setores Leste Universitário e Vila Nova, em 8 de maio, quando houve a depredação de mais 15 veículos e o incêndio de um ônibus do Eixo Anhanguera.
A movimentação na Draco, que fica no Setor Campinas, foi intensa até o começo da tarde. A Polícia Militar (PM) e agentes municipais de trânsito ajudavam na segurança do local. Representantes da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO) estiveram na delegacia para garantir o processo legal e os direitos individuais dos jovens alvo de mandados de prisão nesta manhã. Para os representantes da OAB-GO, “a princípio, a prisão é desproporcional, pois houve um crime de dano e os estudantes estavam com a prisão preventiva decretada, mas neste caso os suspeitos têm residência fixa e ocupação lícita”.
A polícia não quis divulgar o nome dos estudantes. No entanto, o Jornal Opção Online apurou que os jovens são Heitor Vilela, Ian Caetano e João Marcos. Os pais de Heitor estavam na delegacia. Para o pai, que não quis se identificar, a situação é constrangedora. “Eles chegaram ao meu prédio por volta das seis horas da manhã, acordando toda vizinhança e usando força desproporcional durante a prisão.” A mãe estava apreensiva. Ela disse que hoje é o aniversario de seu filho e que deseja que ele não fique preso. A prisão preventiva tem duração de dez dias e pode ser prorrogada.
O delegado tem dez dias para concluir o inquérito policial. Segundo o delegado responsável pelo caso, Alexandre Lourenço, eles devem ser indiciados por dano ao patrimônio público, associação criminosa e incitação à violência.