Estratégia de triagem por teste rápido de Covid-19 para reabrir economia não é consenso
27 abril 2020 às 09h34
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Ideia de usar exame de anticorpos para dar passe livre a trabalhadores é defendida pelo novo ministro da Saúde, Nelson Teich, mas vista com ressalvas pela OMS
Apesar de o ministro da Saúde, Nelson Teich, defender a ampliação da testagem para Covid-19 com o objetivo de “sair da política de isolamento e distanciamento”, a estratégia é vista com ressalvas pela cúpula da Organização Mundial da Saúde (OMS) e por autoridades de saúde pública e especialistas.
“A gente tem que entender mais da doença. Quanto mais a gente entender, maior vai ser a nossa capacidade de administrar o momento, planejar o futuro e sair desta política do isolamento e do distanciamento. Para conhecer a doença, a gente vai ter que fazer um programa de testes”, afirmou Teich.
Para a OMS, porém, a recomendação de programas que usem “passaportes de imunidade” para liberar a circulação de trabalhadores é algo problemático já que não há garantias de que uma pessoa não possa ser infectada pelo vírus da Covid-19 mais de uma vez.
Até 18 de abril, o Ministério da Saúde havia distribuído 2 milhões desses testes, com a previsão de mais 7 milhões até o final de maio, visando testagem em massa. “Tal política de testagem permitirá a identificação dos casos confirmados de Covid-19 com aquisição de imunidade, permitindo o estabelecimento do isolamento com maior precisão, bem como o retorno às atividades com maior segurança”, diz boletim epidemiológico.
O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, defende aumento da testagem no Brasil, desde que não comprometa o isolamento social. “Quanto mais testes realizarmos, mais conheceremos sobre a dinâmica da pandemia. Mas precisamos lembrar que há uma proporção crítica entre o número de casos graves e a quantidade de leitos. Por isso, temos que garantir também o isolamento social”, explica.
“Os países que saíram na dianteira no combate ao coronavírus conciliaram o isolamento com a testagem em massa. Mas uma medida não deve ser contraponto à outra”, explica Rômulo Neris professor visitante da Universidade da Califórnia. “Algumas nações tentaram relaxar o lockdown após o pico de infecções, e agora os exames estão detectando novas infecções”, completa. (Com informações de O Globo)