Ideia de usar exame de anticorpos para dar passe livre a trabalhadores é defendida pelo novo ministro da Saúde, Nelson Teich, mas vista com ressalvas pela OMS

Oncologista Nelson Teich se respalda pelo conhecimento científico, mas deixou interrogação sobre acatar decisões políticas
Oncologista Nelson Teich se respalda pelo conhecimento científico, mas deixou interrogação sobre acatar decisões políticas | Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Apesar de o ministro da Saúde, Nelson Teich, defender a ampliação da testagem para Covid-19 com o objetivo de “sair da política de isolamento e distanciamento”, a estratégia é vista com ressalvas pela cúpula da Organização Mundial da Saúde (OMS) e por autoridades de saúde pública e especialistas.

“A gente tem que entender mais da doença. Quanto mais a gente entender, maior vai ser a nossa capacidade de administrar o momento, planejar o futuro e sair desta política do isolamento e do distanciamento. Para conhecer a doença, a gente vai ter que fazer um programa de testes”, afirmou Teich.

Para a OMS, porém, a recomendação de programas que usem “passaportes de imunidade” para liberar a circulação de trabalhadores é algo problemático já que não há garantias de que uma pessoa não possa ser infectada pelo vírus da Covid-19 mais de uma vez.

Até 18 de abril, o Ministério da Saúde havia distribuído 2 milhões desses testes, com a previsão de mais 7 milhões até o final de maio, visando testagem em massa. “Tal política de testagem permitirá a identificação dos casos confirmados de Covid-19 com aquisição de imunidade, permitindo o estabelecimento do isolamento com maior precisão, bem como o retorno às atividades com maior segurança”, diz boletim epidemiológico.

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, defende aumento da testagem no Brasil, desde que não comprometa o isolamento social. “Quanto mais testes realizarmos, mais conheceremos sobre a dinâmica da pandemia. Mas precisamos lembrar que há uma proporção crítica entre o número de casos graves e a quantidade de leitos. Por isso, temos que garantir também o isolamento social”, explica.

“Os países que saíram na dianteira no combate ao coronavírus conciliaram o isolamento com a testagem em massa. Mas uma medida não deve ser contraponto à outra”, explica Rômulo Neris professor visitante da Universidade da Califórnia. “Algumas nações tentaram relaxar o lockdown após o pico de infecções, e agora os exames estão detectando novas infecções”, completa. (Com informações de O Globo)