O Estado da Alemanha foi condenado pela Justiça do País a indenizar as goianas presas por tráfico internacional de drogas após as etiquetas das bagagens serem trocadas no aeroporto. Ao Jornal Opção, a advogada de defesa de Kátyna Baía e Jeanne Paollini, Chayane Kuss explica que após a decisão de responsabilização, o valor da indenização será motivo de ação.

A legislação alemã fixou um valor de R$ 75 euros por dia em caso de prisão injusta. Convertendo para a moeda brasileira, de acordo com a advogada, seria algo em torno de R$ 15 mil. “Esse valor decorre de uma lei nacional alemã para todos os casos em que exista uma prisão, que vem considerada ilegal ou desmedida”, conta.

Chayane relata que agora é esperar a decisão transitar em julgado, o que deve ocorrer até a próxima quinta-feira, 7, para dar entrada com o processo de indenização.

Há um ano

Kátyna Baía, uma das goianas presas no aeroporto da Alemanha, lembra que há exatamente um ano ela e Jeanne Paollini estavam sendo presas por um crime que não cometeram.

“Receber essa notícia, que essa indenização será paga, para nós, é um início da sensação de justiça devidamente feita. Porque até hoje nós ficamos com os prejuízos, que são prejuízos financeiros, emocionais, prejuízos sentimentais, prejuízos também de ordem profissional”, conta.

Amarradas pelos pés

Ao retornar para Goiânia depois de 38 dias presas acusadas de tráfico internacional de drogas após terem suas bagagens trocadas no aeroporto de Guarulhos, Kátyna lembrou ter sido algemada e amarrada pelos pés na prisão.

As goianas foram liberadas pelo Ministério Público Alemão que arquivou processo por tráfico internacional e reconheceu a inocência das brasileiras.

Kátyna e Jeanne ficaram em celas isoladas e sem contato na maior parte do tempo, podendo se encontrar e se comunicar apenas durante o convívio social, como nos banhos de Sol, caminhadas e no refeitório.

Além das condições humilhantes que passou, Katyna relatou, à época, que correu grave risco de saúde. “Fiquei sem acesso aos meus medicamentos em decorrência de uma cirurgia de aneurisma cerebral, o que me causou muito medo e perturbação pela possibilidade de adoecer. Éramos tratadas como lixo. Éramos bandidas, presas, criminosas. Fomos internacionalmente reconhecidas e sem o direito de falar nossa verdade”, lembrou.

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