Filme, que foi contemplado pela lei de incêndio à cultura, traz assuntos que estão em evidência na pandemia e conta com atuação de Rodrigo Cunha, Rodrigo Jubé e participação ator uruguaio Hugo Rodas

O distúrbio da insônia, que afeta milhares de pessoas nesta pandemia, é o fio condutor de Hábitos Noturnos, vídeo que será exibido entre os dias 16 e 19 de junho no canal do Youtube da Casa 107. O projeto foi um dos contemplados pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura. O trabalho conta com a direção e atuação de Valéria Braga, além dos atores goianos Rodrigo Cunha e Rodrigo Jubé. E a participação do renomado ator Hugo Rodas.

Hábitos Noturnos é inspirado no filme Clube da Luta (1999), de David Fincher. O roteiro é Rodrigo Cunha, que também inseriu outras temáticas na história, como os desdobramentos violentos e de irritabilidade que a insônia pode causar. Buscando a inclusão, o projeto terá uma intérprete de Libras durante todos os capítulos.

Valéria afirma que tem sido um grande desafio dirigir o espetáculo, mas que sentiu necessidade de explorar esse universo complexo que é a violência. A diretora reforça que, apesar de trazer dois personagens masculinos, a sua a presença como mulher – já que também atua na gravação – ajuda no diálogo com a violência. “O desafio é tratar do universo da violência pela sua complexidade e de como a sociedade processa essa violência”, pontua.

Rodrigo Jubé acrescenta que o seu personagem carrega em si o conjunto de todas essas violências. “A gente conseguiu incorporar os mais diversos julgamentos e preconceitos como racismo, homofobia, gordofobia. Assim como a preocupação estereotipada com o corpo humano. Fizemos um workshop e pesquisa que causaram um profundo impacto na construção do personagem”, reforça.

Para Valéria, Hábitos Noturnos representa um ato de resistência diante o cenário pandêmico a qual o mundo atravessa e que impactou duramente a classe artística. A diretora sublinha que o trabalho tem a importância de mostrar que a arte se mantém viva e se reafirma apesar das dificuldades.

“Se falou muito de como a arte salvou muitas pessoas nesse momento de pandemia, mas a gente que trabalha com isso tem a sensação de sempre estar vivendo à margem. É importante que a gente continue trabalhando para reafirmar o lugar da arte na sociedade.”

Inspiração

Cunha revela que o nome da peça surgiu após observar os costumes noturnos dos animais que estão no Zoológico de Goiânia. “Nós fizemos uma visita um dia lá e notamos que os animais ficam escondidos nas jaulas devido à tristeza diante aquela situação. Quando escurece, eles não dormem. Eles afloram todos os seus costumes diante dessa forma violência que é imposta. Essa é a insônia. É uma sensação de iminente perigo e morte pela mudança forçada de habitat”, pontua.

Cunha conta que, mesmo com a pandemia, ele não se acomodou e manteve seus hábitos para a construção do personagem. “O personagem exigiu uma imensa transformação corporal com aulas de boxe, kung fu, crossfit, musculação, além de laboratórios de animalidade”.